ATA DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 28.05.1997.
Aos vinte e oito dias do mês de maio do ano de mil novecentos e noventa
e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Eliseu
Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo
Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e
Maristela Maffei. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria
Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Décio Schauren,
João Motta e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em
avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Primeira Sessão Ordinária, que foi
aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 03
Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 96/97 (Processo nº
1677/97); pelo Vereador Cyro Martini, 03 Emendas ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 31/97 (Processo nº 863/97); pelo Vereador Elói Guimarães, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/97 (Processo nº
1069/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador
Paulo Brum, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 104 e 108/97 (Processos nºs
1646 e 1732/97, respectivamente); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 08 Pedidos de
Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 239/97, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre; 03/97, do Vereador Antônio Jorge Possamai,
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cambará do Sul/RS; 43/97, da Senhora
Dulce de Castro Mendes, Secretária-Geral da Associação Brasileira de Enfermagem
- ABEn - Seção Minas Gerais; 249, 262 e 265/97, do Desembargador Adroaldo
Furtado Fabrício, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul; 453/97, do Vereador Alcy Paulo de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal
de Canoas/RS; 745, 771, 779, 831 e 832/97, do Deputado Federal Mendes Ribeiro
Filho, Chefe da Casa Civil do Estado do Rio Grande do Sul; 815 e 835/97, do
Senhor Murilo Flores, Secretário do Ministério da Agricultura e do
Abastecimento; s/nº, do Senhor Cristiano Tatsch, Presidente da Companhia
Riograndense de Telecomunicações - CRT; s/nº, da Senhora Wrana Maria Panizzi,
Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; Telegramas: do
Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; do Senhor
Arno Frantz, Deputado Estadual/RS; do Senhor José Ivo Sartori, Deputado
Estadual/RS. A seguir, o Senhor Presidente apregoou Licença para Tratamento de
Saúde da Vereadora Tereza Franco, no período
86/97, este discutido pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Cláudio Sebenelo
e Adeli Sell; 103 e 89/97, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo; em 2ª
Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 66, 87 e 90/97, este discutido
pelo Vereador Cyro Martini; e 58/97, este discutido pelos Vereadores Cyro
Martini e Guilherme Barbosa; os Projetos de Lei Complementar do Legislativo
nº 11 e 12/97, este discutido pelo Vereador Cyro Martini; os Projetos de
Resolução nºs 14, 17 e 18/97, este discutido pelo Vereador Cláudio Sebenelo; em
3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 179/96, 54, 60, 61, 71, 74,
78, 79, 80, 81, 83, 92, 96 e 98/97; os Projetos de Lei do Executivo nºs 66/96,
20 e 19/97, este discutido pelo Vereador Guilherme Barbosa; os Projetos de Resolução nºs 13 e 15/97; o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 08/97. Na ocasião, o Senhor
Presidente informou que no dia trinta e um de maio do corrente, na Igreja Nossa
Senhora Auxiliadora, será realizada Missa de um ano de falecimento do
Jornalista Cói Lopes de Almeida, ex-Coordenador de Imprensa desta Câmara.
Também, prestou esclarecimentos acerca de similitudes em projetos encaminhados
pelos Senhores Vereadores, questionadas pelo Vereador Guilherme Barbosa, e
registrou a presença da Senhora Márcia Morais, Secretária de Cultura e Turismo
da Cidade de Rolante/RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt
informou ter mantido contatos com o Secretário de Estado da Justiça e
Segurança, Senhor José Fernando Cirne Lima Eichenberg, com o intuito de
promover o aparelhamento do Posto de Bombeiros da Avenida Mauá. Ainda, teceu
considerações sobre convênio firmado entre a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - EBCT e o Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN, no sentido de
permitir que vários serviços burocráticos relativos à expedição de Carteiras
Nacionais de Habilitação, documentos perdidos e outros sejam feitos através das
agências dos Correios. Na oportunidade, respondendo a Questões de Ordem
levantadas pelos Vereadores Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Fernando Záchia, João
Dib, Gerson Almeida, Elói Guimarães, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Maria
do Rosário e Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente esclareceu encaminhamento a
ser dado ao Requerimento do Vereador Luiz Braz, de instalação de Comissão
Especial para oitiva do ex-Vereador Edi Morelli, informando que o assunto será
melhor debatido em reunião da Mesa com as Lideranças, salientando, também, ser
necessário o encaminhamento por escrito de qualquer pedido de transformação da
natureza processual do Requerimento em questão. Na ocasião, os trabalhos
estiveram suspensos das dezesseis horas
e quinze minutos às dezesseis horas e vinte e três minutos, nos termos
regimentais. Reabertos os trabalhos, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal
do Vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Após,
foram aprovados os seguintes Requerimentos: de nº 135/97 (Processo nº 1775/97 - constituição de
Comissão Especial para que seja ouvido o ex-Vereador Edi Morelli, com relação à
afirmação que este fez de ter negociado seu voto em troca de benefícios para a
sua comunidade), de autoria do Vereador Luiz Braz, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Lauro Hagemann,
Clênia Maranhão, Luiz Braz, Nereu D'Ávila e Antonio Hohlfeldt; de nº 133/97
(Processo nº 1770/97 - Moção de Protesto pela inobservância do Governo Estadual
aos seus compromissos constitucionais referentes à segurança pública), de
autoria do Vereador Cyro Martini, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Cyro Martini, João Dib, Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol e João
Motta, por dez votos SIM, nove votos NÃO e quatro ABSTENÇÕES, sendo submetido à
votação nominal por solicitação do Vereador João Dib, tendo votado Sim os
Vereadores Antonio Losada, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, Renato
Guimarães e João Batista Pirulito, Não os Vereadores Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Dib, Reginaldo
Pujol, Sônia Santos e Leão de Medeiros e optado pela abstenção os Vereadores
Adeli Sell, Hélio Corbellini, João Motta e Maristela Maffei. Na ocasião,
respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães,
João Motta e Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos
acerca dos impedimentos regimentais existentes para votação de processos pelos
Senhores Vereadores e acerca da impossibilidade de retirada de proposição após
o início de seu encaminhamento à votação. Também, o Vereador Reginaldo Pujol
solicitou a indicação, o mais rápido possível, pelos Partidos da Casa, dos
nomes que integrarão a Comissão Especial solicitada pelo Vereador Luiz Braz. Em
Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nºs
168/96, após ser discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol; os Projetos de Lei do
Executivo nºs 75 e 77/96 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 28/97. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Reginaldo Pujol teceu considerações acerca do quadro
hoje apresentado pela sociedade brasileira, face ao grande número de escândalos
e denúncias efetuadas especialmente contra integrantes de órgãos públicos,
salientando sua preocupação com a possibilidade de que tal possa acarretar uma
"descrença nas instituições políticas deste País". O Vereador Renato
Guimarães comentou artigo de autoria do Jornalista Hélio Gaspari, intitulado
"O Dedo da Saúde", analisando projeto encaminhado pelo Governo
Federal, regulamentando os chamados planos de saúde existente no País e
defendendo a rejeição desse projeto. O
Vereador João Dib discorreu
acerca da política
salarial hoje vigente no
Município, defendendo o pagamento dos valores aos quais tem direito os
municipários face ao resultado da Ação de Argüição de Inconstitucionalidade da
Lei nº 7428/94, encaminhada pelo Executivo Municipal. Às dezoito horas e
quatorze minutos, esgotado o horário regimental da presente Sessão, o Senhor
Presidente registrou que ficará garantida a inscrição em Grande Expediente para
os Vereadores Tereza Franco, Adeli Sell, Anamaria Negroni e Antonio Hohlfeldt e declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum, e secretariados pelos Vereadores
Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Registramos o recebimento do pedido de licença para tratamento de
saúde da Vera. Tereza Franco, no período de 27 de maio a 1º de junho de 1997.
Feita a apregoação, nós registramos que, no dia 27 de maio, o Ver. Jocelin
Azambuja assumiu na presença do Presidente da Casa. No dia de hoje, estamos
recebendo um ofício, dizendo que o Ver. Jocelin Azambuja se encontra
impossibilitado de assumir, por razões de ordem pessoal, no período de 28 de
maio a 1º de junho de 1997. Em razão disso, convidamos o Suplente Leão de
Medeiros a tomar posse em substituição à Vera. Tereza Franco.
(Obs.: Foi dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
Na forma regimental,
conferimos a V.Exa. o tempo legal para que, se assim o desejar, possa se manifestar
da tribuna desta Casa.
O Ver. Leão de Medeiros está
com a palavra.
O SR. LEÃO DE
MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é fácil
perceber que é com muita emoção e com muita alegria que venho a esta tribuna de
uma forma muito rápida porque conheço os trabalhos da Casa. Sei que as palavras
voam, o tempo urge e é preciso trabalhar. Mas é precisar registrar a minha
emoção ao, pela terceira vez, assumir neste Plenário. A primeira vez foi em
1985, quando, pela generosidade dos então Vereadores desta Casa, fui honrado
com o título de Cidadão de Porto Alegre, mais por graça, mais por generosidade
do que por méritos pessoais. Estava ali personificada apenas a figura do então
chefe de polícia. A segunda grande emoção foi em 1989, quando, ungido pelo voto
popular, aqui cheguei, com mais 32 colegas, para elaborar a Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre. Foi com muita honra, com muito prazer, mas
especialmente voltando os olhos aos meus antepassados, que procurei honrar o
mandato que me foi conferido. Volto agora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
pela terceira vez, experiente, calejado, mas com a mesma emoção, com o mesmo
sentimento, com a mesma vontade de acertar, com a mesma perseverança e a mesma
determinação que me trouxeram aqui em 1989. É muita gratificante ser convocado
novamente agora, por uma bandeira nova, de um novo partido, para trabalhar pela
Cidade de Porto Alegre, mesmo que num momento emergencial muito pequeno, porque
a emoção é maior do que isso.
Agradeço ao PTB a
oportunidade que me dá. Agradeço aos membros da minha Bancada o recebimento e o
acolhimento que me dão. Vejam que o PTB, ao contrário deste Vereador que hoje
está nesta tribuna, é uma Bancada jovem, com experiência e com muita
determinação de tornar o seu Partido maior ainda do que já é hoje.
A minha emoção e a minha
alegria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é retornar a esta tribuna e ver que
o tempo aqui passado não foi em vão, porque “se a história é a mestra da vida,
a memória é o seu discípulo principal” - isso é uma passagem que já ouvi e a
memória há de me ajudar a relembrar de que o mandato aqui exercido, sem dúvida,
foi proveitoso e foi em benefício de todos.
Lembro com muita satisfação
as guerras e as lutas com a Lei Orgânica de Porto Alegre, exemplo para todo o
Brasil. Lembro que, ainda em 1990, ninguém falava em pessoas desaparecidas em
Porto Alegre e eu consegui aprovar uma lei, que hoje virou coqueluche,
obrigando o Município a divulgar o nome e as fotos das pessoas desaparecidas em
Porto Alegre. Hoje é uma iniciativa empresarial espontânea, de toda a sociedade
envolvida com esse problema que é o desaparecimento de mais de dez pessoas por
dia nesta Cidade.
Aqui revejo muitos dos
colegas que compartilharam daqueles momentos dessas minhas emoções. Eu estava
certo quando dizia que o IPTU de 1991 estava sendo cobrado sobre bases
irregulares, e quem deu a razão foi a Justiça, já que não tive o respaldo
administrativo para modificar aquele entendimento que ensejou uma grande
alteração até de uma composição política que naquele momento se alinhavava
nesta Casa. Todos aqueles que buscaram a Justiça para dizer que o IPTU de 1991,
armado sobre uma planta de valores com reajustes superiores à inflação da
época, estavam errados e equivocados, quem seguiu aquele caminho ganhou porque
se fez justiça e se buscou a realidade a partir de 92, 93, 94 e 95. Vejo aqui,
com muita alegria, velhos companheiros da época, tradicionais homens públicos
desta Cidade; vejo, com muita alegria, novos Vereadores que hão de honrar o seu
mandato, fazendo desta Casa, de longa tradição, uma das mais honrosas e mais
pujantes deste Brasil. Espero continuar contando com a colaboração do meu
Partido no sentido de me estimular a aqui vir sempre que chamado e também
agradecer essa oportunidade de estar no meio de tão seletas pessoas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR.
PRESIDENTE:
Esta Presidência saúda o Ver. Leão de Medeiros.
Comunicamos que no dia de
ontem assumiu a Vereança a Sra. Maristela Maffei, em virtude da licença do Ver.
Clovis Ilgenfritz para assumir na Prefeitura de Porto Alegre até o dia de
amanhã. Dispensamos a Vera. Maristela Maffei de prestar compromisso, eis que já
o prestou nesta Legislatura. S. Exa. integrará a Comissão de Defesa do
Consumidor e Direitos Humanos.
Requerimento de licença para
tratar de interesses particulares, de autoria do Ver. Carlos Garcia, no dia de
hoje.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Carlos
Garcia e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)
O Ver. João Batista Pirulito
está com a palavra.
O SR. JOÃO
PIRULITO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, minha saudação a todos que muito dignificam a
nossa Câmara. Gostaria de cumprimentar também meus companheiros do Partido
Socialista Brasileiro e, particularmente, quero agradecer ao nosso
representante, Ver. Carlos Garcia, a quem estou substituindo na data de hoje,
que tem orgulhado o nosso PSB. Desde que assumiu o seu mandato tem sempre
trabalhado para a melhoria das vilas e bairros da nossa Cidade.
Recordo as ocasiões em que
assumi esta tribuna na legislatura passada, também como suplente, mas tive
muitas oportunidades de manifestar aqui as minhas preocupações com as crianças
e os idosos marginalizados pela nossa sociedade. Digo isso, Sr. Presidente,
porque convivo com eles diariamente e testemunho o seu sofrimento. Por ter sido
candidato, compreendi o significado de um mandato. É imensa a responsabilidade,
é grande o compromisso que temos para com a justiça social. Não há cidadão em
nossa Cidade que possa ficar calado ou se omitir na busca de soluções. Uma vez
eleito, compreendi que não posso viver em paz, em tranqüilidade enquanto houver
tantas pessoas desassistidas, entre eles idosos, os que mais sofrem, doentes
sem direitos, com aposentadorias miseráveis, tantas crianças carentes abandonadas,
crescidas na rua, sem família, sem afeto, sem vida e sem futuro. Não posso
honestamente dizer que esses milhares de cidadãos vivem em condições miseráveis
por falta de competência. Não assumirei jamais esse tipo de discurso. Não sou
intelectual e nem tampouco tive uma formação política, porque trabalhei na
minha infância e juventude para ajudar meus pais. Meu entendimento dos fatos
vem das ruas, da minha convivência com a comunidade, falando sobre os problemas
do dia-a-dia. Por isso, percebi que há tanta riqueza de um lado e tanta pobreza
de outro, porque a sociedade em que vivemos é injusta, e o poder que decide não
é o do povo, é o dos poderosos, o que precisa ser modificado pelo nosso voto e
pela nossa organização. Aqui na Câmara temos uma parcela desse poder que, mesmo
pequena, nos permite muito, pois para aqueles que nada têm qualquer melhoria
tem um valor imenso, traz mais esperança e a perspectiva de uma sociedade
melhor. Entendo, portanto, que o fundamento de toda a nossa ação política deve estar
dirigida para a justiça do nosso povo. E esta é a nossa grande missão política:
abrir espaços e oportunidades para que todos tenham acesso a uma vida digna.
Este é o meu sonho: andar pelas ruas dos bairros da minha Cidade e encontrar todos saudáveis, empregados, com a sua
casa própria, com escola garantida, e sorridentes, de bem com a vida. Sonho com as ruas sem menores abandonados, sem mendigos, sem drogados, sem meninas se prostituindo por um pedaço de
pão. Peço, Senhores, que sonhemos juntos e que trabalhemos pelo nosso povo e
que sejamos incansáveis na busca da justiça.
Aproveito esta oportunidade
para encaminhar a solicitação de a Câmara dar uma atenção urgente para os
sem-teto do Parque dos Maia e da Vila Nazaré, na Zona Norte da nossa Capital.
São nossos irmãos e têm direito à moradia. Peço uma ação urgente para as
escolas municipais, para que abram os cursos de segundo grau onde ainda não
houve essa contemplação. Tenho certeza de que a solução desses problemas é
plenamente possível, além de ser uma oportunidade para que demonstremos ao povo o porquê da nossa
presença aqui, nesta Câmara, e assim
continuaremos a receber o respeito e a confiança daqueles que nos elegeram.
Agradeço a oportunidade e deixo aqui a
minha disposição para colaborar com todos os meus colegas em decisões
que venham a melhorar as condições de
vida do nosso povo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Cumprimentamos o Ver. João Pirulito, que assume nesta tarde a Vereança na
Cidade de Porto Alegre.
Está com a palavra o Ver.
Pedro Américo Leal em tempo de Liderança.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, abri hoje a “Zero Hora” e me deparei com uma
notícia que para esta Câmara é muito triste. Diz o seguinte na página 46 ou 47:
“Corpo de Bombeiros da Mauá não funciona.”. Mais abaixo está uma bela fotografia que evidencia obra feita
pela Prefeitura de Porto Alegre, na pessoa de Tarso Genro. Sou fiel em dar este
depoimento, porque o Prefeito se esmerou em fazer essa obra. Está parada,
inoperante. Ora, meus Senhores, isso
foi uma iniciativa da Câmara Municipal através de um Vereador. Mas
colocar-se depois de 50 anos o posto do
Corpo de Bombeiros da Mauá - que atende a qualquer sinistro,
evidentemente em atitude de imediato socorro, porque não dura na missão, apenas
apresenta uma resposta à iminência do sinistro e logo depois é secundada por
outras guarnições do Corpo de Bombeiros - é uma façanha. Pois bem, esse Corpo
de Bombeiros que idealizamos com tanto esmero é hoje um local de estacionamento
de carros - que estacionam sem pagar. Onde é que está o Estado do Rio Grande do
Sul? Porque isso foi resultado de um trabalho. Eu peguei, perdoem-me a modéstia
- vamos banalizar a coisa -, peguei o então Ministro do INSS, Antônio Britto, o Prefeito Tarso Genro e o Governador Alceu
Collares e fizemos - os quatro - um trabalho fora de qualquer noção de
política, de agremiação política, de
partido político. “Vamos dotar Porto Alegre de um Corpo de Bombeiros. É
urgente! Vamos!” E Tarso Genro cumpriu. Tanto que inaugurou no dia 24, 25 ou 26
de dezembro - creio que foi a sua última obra a ser inaugurada. E o que vejo
agora? O carro-tanque de dois mil litros que deveria estar lá não está. Está em
conserto. A ambulância que deveria estar lá não existe! Apenas um casario
magnífico a esmo para abrigar um estacionamento de carros daqueles grã-finos
que vão à Cidade. Isto é hilariante, é sarcástico. Na verdade, nós conseguimos 600 metros de área construída no
Centro de Porto Alegre, ao lado do Largo Glênio Peres. E o que fizeram com
isso? Como diz o título, “Inoperância”. Não funciona! Mas não funciona por
descaso do Estado do Rio Grande do Sul, do Governador do Estado, Antônio
Britto, porque não dota aquela unidade de material, de carro de bombeiro, de
guarnição, de tudo o que precisa para que ela viva.
Cito o PT como exemplo:
dotou de casario, colocou móveis, fez a sua parte; o INSS fez a sua parte; o
Alceu Collares fez a sua parte; o Britto, como Ministro, fez a sua parte;
agora, como Governador, não fez a sua parte! Onde está Antônio Britto, como
Governador do Estado? Ele dotou o Rio Grande do Sul de uma área que era do INSS
e voluntariamente deu. Para ele, como Ministro, grau dez; como Governador, grau
zero.
No dia em que houver um
sinistro lá - existem de quatro a cinco por mês, segundo estatísticas - , eu
não terei nada a ver com isso, terminei minha missão. Está lá o casario à
disposição da guarnição que quer completar e fazer a lotação desses soldados do
fogo. Onde está a disposição de ter verbas para dotar aquela unidade de vigor, de vida, de vitalidade? Se houver um
incêndio aqui, a culpa é de Antônio Britto. É culpa do Governador, porque não
dotou de carro, de mangueiras, de ambulância, de nada. Deixou completamente ao
acaso, abandonou. Se como Ministro foi muito bom, porque doou o terreno, como
Governador é muito mau, porque não socorre essa unidade.
Deixo registrado esse
protesto de um homem que se entregou a isso em nome da Câmara e que vê agora,
pateticamente, sem nenhum motivo, quando tudo está construído, quando o pior
está feito, completamente despovoado em guarnições, em carros, em ambulâncias,
porque o Estado não supre! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra em Comunicação de Liderança.
O SR. NEREU
D'ÁVILA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o “Correio do Povo” de hoje trata de um
assunto da mais alta relevância desta Câmara e eu vou ler duas colunas
assinadas. A primeira, de Políbio Braga, num dos seus itens, que traz o título
de “Denúncias”, diz: “Até agora o Ver. Luiz Braz não retirou a denúncia que fez
na Câmara. Ela inclui venda de votos. Braz alegou que a moeda de troca são
obras da Prefeitura. Braz não precisa ser mais explícito do que foi. É caso
para o Ministério Público.”.
Agora leio a coluna do
Jornalista Mendes Ribeiro, dedicada a este assunto, com o título “Quando o
silêncio é cúmplice”: “Luiz Braz é meu colega de rádio. Edi Morelli também. Um
e outro se tornaram Vereadores pelo lastro conseguido junto ao público alvo.
Como eu sempre entendi que o outro nome da sorte é trabalho, fica fácil inferir
que os dois jornalistas cumpriram a contento suas tarefas. Daí para a eleição,
foi um pulo. Luiz Braz vai, se a memória não me falha, para o quarto mandato.
São quatro vestibulares vencidos nas urnas. É primário concluir o destaque do
aludido parlamentar no cumprimento de suas funções legislativas. Tanto quanto
sei, Morelli também se saiu bem. Hoje, no entanto, o registro não empurra
aplausos. Não carrega elogios. Tentando não ferir suscetibilidades e muito
menos perder amigos, quero ser ameno na crítica construtiva. Os dois cometeram
pecados capitais. Um, confessando negociatas. O outro, generalizando a
acusação. Se limitada pelos conselhos do bom senso, a história da qual Luiz e
Edi são protagonistas ficaria restrita a meia dúzia de palavras, com
repercussão zero. A meu juízo, os Vereadores falaram demais. Legítima, pois, a
posição de defesa adotada pela totalidade dos demais Vereadores, lançando o
desafio natural. A quem acusa cabe o ônus da prova. A confissão de Edi não
salva Luiz.”.
O colunista faz outro
subtítulo - “O episódio” -, onde diz: “Braz fez uma afirmativa séria. Sem
negociar, quem é da oposição não consegue nada com o Executivo Municipal, vai
para uma década.”. Morelli atirou no ar. Leu a notícia e fez a confissão: “Não
encontrei outro meio, salvo o da negociação, para conseguir pequenas
distinções.”. Parece facílimo chegar ao fundo do poço. Nunca entendi bem essa
história de transacionar com os interesses públicos. Se o projeto é bom e o
pedido é justo, a aprovação independe da vertente. Ora, para o denunciante vale
o mesmo.
Na terceira e última coluna
da matéria, sob o título “Vivências”, continua ele: “De resto, confesso, sem
nenhum receio: não compreendo política dessa forma. Custo a crer que pequem os Senhores Vereadores
dentro do quadro pintado pelos denunciantes. Nossa Câmara tem pessoas sérias,
acima de qualquer suspeita. No entanto, quando o travesseiro de penas é
atirado para o ar, a leviandade de um ou dois marca a vida pública de
todos. Não importa o desmentido embora contundente. O público nunca será o mesmo, seja leitor, ouvinte ou
telespectador. A impressão do ruim empolga a grande maioria; a do bom é notada
por meia dúzia. Não sou juiz de ninguém. Quem sabe me permitam, com alguma
prática nos dois lados da mesa, parlamentar e jornalista, dizer a esses moços
não terem escolhido o melhor caminho. Em todo caso, cada um cada qual. O
problema, a rigor, é entre Luiz Braz, Morelli e seus Pares. Lástima é a
manutenção da rotina. O escândalo, embora pequeno - e não acho que seja tão
pequeno assim - conta contra a
instituição e enfraquece a democracia.”. E, aí, ele põe sempre uma frase de
alguém que é talento alheio, que é o ditado seguinte: “O verbo é prata; o
silêncio, ouro.” “Luiz e Edi, os bons
amigos, falam de frente.”
Essa foi a crônica de hoje
do nobre Jornalista Mendes Ribeiro no “Correio do Povo”. Trago o assunto porque
o Sr. Presidente da Casa, falando aos jornais, disse que reuniria as Lideranças e a Mesa para tomar uma
medida. Como Liderança não fui acionado, não fui chamado e agora a imprensa
está cobrando. Hoje, dois ilustres Jornalistas, Políbio Braga e Mendes Ribeiro, falam das denúncias de Luiz Braz
e Edi Morelli. Então, solicito à Mesa, formalmente, e ao Sr. Presidente que
tomem as medidas cabíveis, reunindo Mesa e Lideranças para tomada de posição
sobre o assunto, sob pena de enlamear a instituição, o que não temos o direito
de fazer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Para um esclarecimento, o Ver. Reginaldo Pujol.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Se não estou equivocado, Sr. Presidente, já houve uma deliberação da
Casa no sentido de ouvirmos o ex-Vereador Edi Morelli sobre o assunto. V. Exa.
confirma ou retifica?
O SR.
PRESIDENTE:
O que existe é uma manifestação do Ver. Luiz Braz sobre o assunto através de
uma Comunicação de Liderança, se não me falha a memória - eu assisti, na condição de Vereador, e não como
Presidente em exercício da Casa -, e há um Requerimento, de autoria do Ver.
Luiz Braz, que não foi votado ainda,
solicitando a instalação de uma Comissão Especial sobre o tema para ouvir o
Ver. Edi Moreli. Já que foi cobrada uma posição da própria Mesa Diretora, nós
informamos que, em face da nossa condição de interinidade no exercício da
Presidência desta Casa, e V. Exa. bem compreende esta situação, não haverá
nenhum prejuízo em esperarmos qualquer medida em relação a isso, embora a
própria Comissão Especial já seja um encaminhamento. Não sei se este é o
entendimento do Presidente Titular desta Casa. Nós gostaríamos de aguardar o
seu retorno, que se dará a partir de sexta-feira, Ver. Nereu D'Ávila, para
tomar uma posição da Mesa Diretora, eis que ele, na condição de Presidente,
naturalmente, é o líder maior, não só da Mesa Diretora desta Casa como também
do conjunto dos Vereadores, que, com tanta competência e seriedade, enfrenta os
problemas do dia-a-dia desta Casa. Mas está assinalada, registrada a
manifestação de V. Exa.
O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu não sei se o Ver. Nereu D'Ávila não estava em
Plenário quando eu ocupei a Liderança da Bancada, na última Sessão, na
segunda-feira, e solicitei uma Comissão Especial, inclusive endereçando à Mesa
um Requerimento solicitando esta Comissão Especial. Esse Requerimento não está
só assinado por este Vereador, mas já contém as assinaturas do Ver. João Dib,
Líder da Bancada do PPB, do Ver.
Záchia, do Ver. Garcia e, se V. Exa. quiser, também ficaremos honrados se
assinar este Requerimento solicitando esta Comissão Especial.
Nós comunicamos, através da
Comunicação de Liderança, que esta Comissão Especial poderia ser a nossa arma
para averiguar o problema e solicitamos que, nesta Comissão Especial, fosse
ouvido o ex-Ver. Edi Moreli, que foi
quem falou às pessoas e à imprensa que esteve envolvido diretamente naqueles
problemas que comentávamos desta tribuna. Então, acho que poderíamos começar
por aí.
O Jornalista Mendes Ribeiro
coloca hoje, no final de sua matéria, o seguinte: “Os bons amigos falam de
frente”. E eu quero, exatamente, falar de frente. Eu jamais falei de alguém ou
sobre alguma coisa por trás de alguém. Sempre enfrentei as questões de frente.
Por isso solicito que
votemos hoje a formação dessa Comissão Especial. Inclusive, Ver. Nereu D'Ávila,
uma de nossas missões, hoje, é pedir a inversão, quando chegarmos na Ordem do
Dia, para votarmos primeiramente os requerimentos, pois não gostaria que, a
exemplo da última Sessão, não fosse votado este Requerimento. Na última Sessão
eu estava presente até o momento do encerramento da Ordem do Dia e,
infelizmente, o Plenário foi esvaziado, foi retirado o quórum do Plenário no
momento de se votar aquele Requerimento pedindo a Comissão Especial. Então, não
foi culpa deste Vereador, mas sim deste Plenário que, na última Sessão, não deu
quórum para que pudéssemos votar o Requerimento. E o quórum foi retirado
exatamente no momento em que íamos votar este Requerimento.
V. Exa., que acompanha esta
Casa e este Plenário há muito tempo, sabe muito bem que, a partir do depoimento
do ex-Ver. Edi Morelli, poderemos requerer outros depoimentos nesta Casa que
poderão levar à conclusão sobre se aquilo que comentamos nesta tribuna é real ou
não, se merece um aprofundamento maior ou não, se vamos pedir posteriormente
uma Comissão de Inquérito para que possamos punir, se houver responsáveis, ou
não. Acredito que o trilho certo para que possamos seguir e chegar à verdade
dos fatos seria a formação dessa Comissão Especial. Estou mandando hoje uma
correspondência ao Jornalista Mendes Ribeiro e também ao Jornalista
Barrionuevo, que fez um comentário
nesta semana, na Página 10 da “Zero Hora”, dizendo que estamos tomando as
providências para que os fatos que comentamos possam ser averiguados até o
final. É o nosso interesse, como,
também, é o interesse do Ver. Edi Moreli, e sei que é o interesse de todos os
Vereadores desta Casa. Queremos
trabalhar nessa Comissão a fim de que, realmente, a verdade possa vir à
tona. Não estamos acusando este ou
aquele Vereador, mas estamos nos referindo a um fato que acreditamos existir
nesta Câmara. E por existir e já ter
aparecido um Vereador que disse estar envolvido nesse fato é que queremos ouvir
esse Vereador. Acredito estar cumprindo
minha missão de Vereador. Quero aprofundar essa procura da verdade a fim de que
possamos, no final de tudo, se houver
culpados, puni-los. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador)
O SR.
PRESIDENTE:
Informamos que, ao final da Sessão de segunda-feira, esteve em votação, sob a
Presidência deste Vereador, a prorrogação da Sessão por mais duas horas. A votação, na oportunidade, foi nominal, por
Requerimento do Ver. João Dib, e obteve três votos sim e seis votos não, o que
ensejou a declaração da inexistência de quórum para a prorrogação da Sessão.
O SR. LUIZ
BRAZ: V.
Exa. sabe que eu estava presente nesse quórum.
O SR.
PRESIDENTE:
Sim. Votaram “sim” os Vereadores Adeli Sell, João Carlos Nedel e Luiz Braz.
Votaram “não” os Vereadores Guilherme Barbosa, João Dib, Maria do Rosário,
Paulo Brum, Nereu D`Ávila e Pedro Amério Leal.
A Presidência declarou nula a votação, em face de não haver quórum,
encerrando os trabalhos às 18h20min.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 0943/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 008/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que concede o título honorífico de
Cidadão Emérito ao Senhor Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite.
PROC. 1430/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 086/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que estabelece
proibição, às bancas de jornais e revistas, livrarias, sebos e similares, de
exposicão e venda de publicações sobre armas e munições, sem embalagens
lacradas, no Município de Porto Alegre. Com
Emenda nº 01.
PROC. 1434/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre
a criação de um Museu do Desporto no Município de Porto Alegre.
PROC. 1618/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 016/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede a Comenda Pedro
Weingärtner às artistas plásticas Alice Soares e Alice Brueggemann.
PROC. 1636/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 103/97, de autoria do Ver. José Valdir, que concede o
título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao poeta Luiz de Miranda.
2ª SESSÃO
PROC. 1268/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que disciplina
a venda de tintas em "spray" no Município de Porto Alegre e dá outras
providências. Com Emenda nº 01.
PROC. 1431/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 087/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe
sobre o fornecimento de exemplares da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre
aos estudantes de Direito.
PROC. 1435/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/97, de autoria do Ver.
Reginaldo Pujol, que dispõe sobre pontos de estacionamento para veículos
escolares, na frente das escolas, nos horários de entrada e saída.
PROC. 1223/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe
sobre as cores a serem usadas pelas caçambas destinadas à retirada de entulhos,
no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC. 1335/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados, no Município de Porto
Alegre, e dá outras providências.
PROC. 1462/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 014/97, de autoria do Ver. João Motta, que
concede o Prêmio de Cinema Eduardo Abelin ao cineasta Carlos Gerbase.
PROC. 1551/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 012/97, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
institui, oficialmente, como padroeira de Porto Alegre, Nossa Senhora dos
Navegantes.
PROC. 1660/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 017/97, de autoria da Mesa Diretora, que
institui o título honorífico de "Cidadão Integração de Porto Alegre"
e dá outras providências.
PROC. 1661/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 018/97, de autoria da Mesa Diretora, que concede o título honorífico de "Cidadão Integração de Porto Alegre" ao Cônsul-Geral da Espanha, Senhor Iñigo de Palácio España.
3ª SESSÃO
PROC. 1543/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/97, de autoria da Vera. Sônia Santos, que denomina Rua
General Arthur Floriano de Toledo Júnior um logradouro público localizado no
Bairro Nonoai. Com Emenda nº 01.
PROC. 1555/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 098/97, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que denomina Av.
Moab Caldas um logradouro irregular localizado no Bairro Santa Teresa.
PROC. 1573/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 020/97, que autoriza o Chefe do Poder Executivo a intervir no acordo de
parcelamento de débito junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS,
entre o Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB e a Caixa Econômica
Federal - CEF. Urgência.
PROC. 1438/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 092/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que institui
o período de 20 a 23 de abril como destinado a homenagens ao Orixá Ogum-São
Jorge, no Município de Porto Alegre. Com
Emenda nº 01.
PROC. 1200/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/97, de autoria do Ver. Hélio Corbelini, que cria o
Balanço Social das Empresas estabelecidas no âmbito do Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
PROC. 1230/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o
Prêmio de Urbanismo "Urbanista da Metrópole" e dá outras
providências.
PROC. 1231/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe
sobre a exibição de animais da fauna exótica, para fins artísticos de diversões
públicas, comerciais, culturais, científicos, promocionais, ou de qualquer
outra natureza, por estabelecimentos de caráter transitório e dá outras
providências.
PROC. 1321/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 074/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre demarcação
de faixa de estacionamento livre para carga e descarga em frente às bancas de
jornais.
PROC. 1374/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 079/97, de autoria do Ver. José Valdir, que acrescenta dispositivos à
Lei nº 2.926, de 12 de julho de 1966, que estabelece as condições pelas quais
são as sociedades declaradas de utilidade pública.
PROC. 1396/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 081/97, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que institui, no Município de Porto Alegre, a Semana Educativa de
Preservação do Meio Ambiente e dá outras providências.
PROC. 1411/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 083/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que dispõe sobre a participação
de padarias, bares, lanchonetes, supermercados e comércio em geral, no auxílio
ao trabalho de divulgação de crianças desaparecidas.
PROC. 1460/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
013/97, de autoria do Ver. João Motta, que concede o Prêmio de Teatro Corpo
Santo ao Diretor de Teatro Néstor Monasterio.
PROC. 1277/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 008/97, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que
altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989,
modificada pelas Leis Complementares nºs 308, de 28 de dezembro de 1993, e 321,
de 19 de maio de 1994, e dá outras providências. (alteração da alíquota do
imposto de transmissão de imóveis)
PROC. 1291/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/97, de autoria do Ver. Adeli
Sell, que institui a Feira do Disco em Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.
PROC. 2874/96 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 066/96, que institui Áreas Especiais de Interesse Social e dá outras
providências. (regularização
fundiária)
PROC. 3209/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 179/96, de autoria do Ver.
Henrique Fontana, que denomina Rua Beth Sangoi um logradouro público localizado
junto ao nº 3850 da Estrada João de Oliveira Remião, no Bairro Lomba do
Pinheiro.(desarquivado a requerimento do Ver. Renato Guimarães)
PROC. 1370/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina
Praça Firmino Sá Brito Cardoso um logradouro público localizado no loteamento
Jardim Vila Nova, no Bairro Vila Nova.
PROC. 1388/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 080/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que denomina Rua
Prof. Aldo Carlitos Potrich um logradouro público localizado no Bairro
Partenon. Com Emenda nº 01.
PROC. 1472/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 015/97, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de
Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Doutor Carlos Grossman.
PROC. 1498/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 019/97, que autoriza a abertura de créditos especiais no valor de R$ 615.000,00 no Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE e dá outras providências. (Projeto Prosanear)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, pede-me o Ver. Cláudio Sebenelo que eu comente na Pauta, porque ele
entende que deva ter a relevância adequada, o Projeto de Lei de nossa autoria,
de nº 86/97, que estabelece a proibição às bancas de jornais e revistas,
livrarias, sebos e similares, da exposição e venda de publicações sobre armas e
munições sem embalagens lacradas no Município de Porto Alegre. De fato, nós tentamos legislar sobre essa
matéria, e a Procuradoria da Câmara nos alertou, no parecer prévio, que a venda
não poderia ser disciplinada por uma lei municipal ainda que a exposição dessas
revistas pudesse ser objeto da nossa ação legisladora.
Eu não quis polemizar com a
Procuradoria - creio que fiz bem - e, numa emenda, retirei a expressão “venda”
porque parece-me que, se nós regularmos a exposição, por conseqüência nós
estaremos alcançando o objetivo maior, que é o de criar algum tipo de
disciplinamento para a venda dessas revistas, fartamente expostas nas nossas
bancas de jornais e revistas e nas livrarias. Essa exposição se constitui, no
nosso modo de entender, num forte estímulo não só à aquisição como à deificação
dessas armas a que a nossa juventude começa a ter acesso, especialmente porque
tem contato com elas em alguns filmes que a nossa televisão, lamentavelmente,
apresenta. Estimulados por tudo isso, os jovens vão buscar essa arma por meio
da compra e, muitas vezes, utilizando outros métodos, esses muito menos
recomendados.
Então, Vereador, eu,
prazerosamente, atendo à sua solicitação para fixar, claramente, qual é o
objetivo. Eu sou da opinião de que, com medidas simples, se pode contribuir
para que grandes problemas possam ser atenuados. O Ver. João Dib, quando
Prefeito, dizia que o maior problema da Cidade é a soma dos pequenos problemas.
Parece-me que o grande problema que temos que enfrentar é que, somados esses
pequenos problemas com que vivemos no quotidiano, acabamos tendo uma situação
que se agrava em vários segmentos. Na
parte da violência instaurada na sociedade, nós temos que, por todos os meios, contribuir
para que ela estanque, para que ela pare, para que não prospere mais ainda.
É evidente que não temos a
pretensão de que, com uma mera leizinha municipal, nós venhamos a criar
intimidações, inibições de tal ordem que venhamos a resolver os problemas. Não.
É um problema que hoje até se insere na cultura do cotidiano do brasileiro,
essa deificação, esses engenhos de morte que são estas armas, que sob todos os
aspectos se sofisticam e ficam a tentar, especialmente, dois segmentos. Pelo menos em relação a um devemos ter um
cuidado especial - a juventude -, sendo que o segundo segmento é aquele já
voltado para a delinqüência, cujo combate tem que ser incrementado por outros
meios. E, certamente, a contribuição, se vier a ser dada por esse meio, será
muito pálida, pequena, muito frágil, mas conseqüente.
Então, Vereador, atendo ao
seu pedido com satisfação. Sei que o Ver. Cyro Martini, que vai me substituir
na tribuna, tem manifestações para fazer a respeito de dois projetos nossos que
estão tramitando. Certamente, irei ouvi-lo com a maior atenção para que
possamos estabelecer o diálogo sobre essas duas proposições de nossa autoria em
tramitação e em Discussão Preliminar de Pauta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Queremos
convidar os Srs. Vereadores para a missa que será realizada dia 31 de maio, às
18h na Igreja Auxiliadora, por um ano de falecimento do Jornalista Cói
Lopes de Almeida, ex-Coordenador de Imprensa da Câmara Municipal, falecido no
desempenho de suas funções.
Com a palavra o Ver. Cyro
Martini para discutir a Pauta.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, permitam-me, de plano, conquanto não seja
estrito assunto de Pauta, poder ter a
liberdade de saudar, nesta ocasião, a presença entre nós do Ver. Leão de
Medeiros. Nós temos discordâncias de natureza ideológica; isso, entretanto, não
me autoriza a dizer ser ele incapaz para o exercício da Vereança. Muito antes
pelo contrário, esta Casa fica enriquecida, sobremaneira, com a sua presença.
De outra parte, também
gostaria, Sr. Presidente, de saudar o
socialista João Pirulito pela sua presença. Sei que ele também tem condições
para vir somar-se a nós não só nas áreas aqui por ele apontadas - do idoso, da
criança e de outros aspectos que mostram a sua identidade popular, como os
problemas dos mais humildes, os mais modestos da nossa Cidade -, mas também
acerca dos problemas de trânsito, de tráfego. Eu sei que ele também tem
condições de prestar aí, sobremodo, uma ajuda para a nossa Cidade. Diante
desses dois grandes problemas - o trânsito, de um lado, e a segurança, de outro
-, temos aqui duas presenças de extrema relevância e de extrema importância que
vêm se somar àqueles que nesta Casa têm dado, sobejamente, demonstração de
estarem à altura do exercício do mandato confiado pelo povo porto-alegrense a
eles.
Com relação à Pauta, temos,
do Ver. Reginaldo Pujol, o Projeto de Lei nº 90/97, que dispõe sobre pontos de
estacionamento para veículos escolares na frente das escolas, nos horários de
entrada e de saída. Esse é, sem dúvida, um problema que nos angustia, e muito,
nos horários de saída dos estabelecimentos escolares. Uma solução nós temos que
encontrar. Quase posso dizer que essa solução não pode ser simples, como a aqui
apontada pelo Ver. Reginaldo Pujol, mas uma solução temos que encontrar. Não
podemos permanecer alheios, indiferentes a esse problema, que é aquele número
considerável de veículos especialmente no horário de saída dos
estabelecimentos. Afora o transporte escolar, também se concentra um número
considerável de veículos dos pais que vão buscar seus pequenos. Merece a nossa
menção, o nosso destaque esse Projeto porque vem ao encontro de uma angústia
séria da nossa Cidade. O Ver. Reginaldo Pujol tem sido, ultimamente, rico em
idéias e proposições, o que para nós é altamente bom porque nos dispensa de pensar, de criar, já que traz pronto,
senão a idéia perfeita, pelo menos iniciada, encaminhada - como diz o Ver.
Pedro Américo Leal - para que possamos aperfeiçoá-la.
Com relação a esse outro
Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, eu entendo que não tenhamos atribuição, poder
no Município para disciplinar, obrigar que as caçambas destinadas aos entulhos
tenham somente uma cor. Eu fico curioso para saber como - se V.Exa. permite uma
ligeira ironia - nasce de um liberal uma idéia que me parece absolutamente
contrária à liberdade, à plena expansão da personalidade e da vontade de cada
um.
Nós teríamos outros projetos
do Ver. Reginaldo Pujol, como temos aquele problema da padroeira de Porto
Alegre. A padroeira de Porto Alegre, insisto, como já insistiram o Ver. João
Nedel, o Ver. Sebenelo e o Ver. João Dib, é Nossa Senhora da Madre de Deus.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Carlos Nedel está com a palavra. Desiste. O Ver. Cláudio Sebenelo está com
a palavra.
Solicito ao Ver. Reginaldo
Pujol que assuma a Presidência dos trabalhos.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a Pauta do dia de hoje parece-me muito rica em
dose e conteúdo, especialmente em relação ao Projeto da Mesa Diretora que concede
o Título de Cidadão Integração de Porto Alegre ao Cônsul-Geral da Espanha, Sr. Iñigo de Palácio España,
que tanto colaborou na Feira do Livro e
trouxe grandes referências, inclusive, literárias a Porto Alegre, sob o
patrocínio do Consulado da Espanha.
Por outro lado, chama-me a
atenção o Projeto do Ver. Carlos Garcia, lamentavelmente ausente hoje, que
dispõe sobre a criação do Museu do
Desporto do Município de Porto Alegre. Há pouco tempo falei com o Jornalista que
era da Rádio Guaíba, Antonio Augusto, e propus a ele que Porto Alegre fizesse,
através da aparelhagem da Rádio Guaíba, um museu de imagem e som de Porto
Alegre e propus, na época, o nome de algumas personalidades, como, por exemplo,
Luiz Luz, que foi Capitão da Seleção Brasileira. Luiz Luz foi a duas Copas do
Mundo e, nas duas, foi capitão da Seleção. No entanto, ele estava vivo,
caminhando por esta Porto Alegre sem que ninguém tomasse o seu depoimento para
a posteridade.
O Museu do Desporto, hoje,
viria a preencher essa lacuna. Seria uma iniciativa magnífica da Prefeitura de
Porto Alegre, principalmente se completasse com a imagem e o som, com a ajuda
do Conselho Regional do Desporto arranjando verbas estaduais, municipais e da
iniciativa privada para esses fins, fazendo com que houvesse um Museu de
Imagem, Som e Desporto, o que seria muito interessante.
Quero comentar também o
Projeto de Lei do Ver. Reginaldo Pujol que estabelece proibição às bancas de
jornal e revista de publicação sobre armas e munições sem embalagens lacradas.
Há pouco tempo, Ver.
Reginaldo Pujol, eu fui a uma reunião em um colégio de Porto Alegre, onde meu
filho freqüenta; lá, uma psicóloga dizia que não se impressionassem muito em
relação a algumas coisas, porque o colégio já havia tomado iniciativas. Por
exemplo, havia retirado todas as coisas perfumadas dos alunos para que eles,
não cheirando essas coisas, mais tarde não viessem a despertar para cheirar
outras coisas, como cocaína, cola ou outras substâncias tóxicas. Eu disse para
ela que eu achava aquilo um absurdo, porque o olfato é uma das coisas mais
maravilhosas da natureza. Quem já não
sentiu o perfume da mulher amada, o perfume das flores, ou um perfume francês?
Disse-lhe que esquecesse essa parte, porque, quando uma criança vai cheirar
cola ou outra coisa assim, na verdade está faltando amor para essa criança.
Da mesma forma, quero dizer
que reconheço o imenso mérito e a excelente intenção do seu trabalho em relação
ao Projeto nº 086, que lacra publicações sobre armas e munições, inclusive as
especializadas, porque existem publicações eventuais e outras especializadas.
Com a embalagem lacrada, apenas a pessoa vai ter o trabalho de rasgar o lacre,
porque vai ter o mesmo acesso a armas e munições, e uma pessoa só usa arma e
munição de dentro para fora, num momento de agressividade que se exterioriza.
Muito raramente dá-se o contrário. Por isso, apesar da importância do Projeto e
da intenção do autor, ele muito pouco pode fazer em relação ao fenômeno de
violência que grassa no mundo inteiro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra o Ver. Adeli Sell para discussão da
Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, falarei sobre o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol
que estabelece proibição, nas bancas de jornais e revistas, livrarias, selos e
similares, de exposição e venda de publicações sobre armas e munições, sem
embalagens lacradas, no Município de Porto Alegre. Esse Projeto enseja muita
discussão não só na Câmara dos Vereadores, como em toda a nossa Cidade e nos
meios de comunicações porque, se é verdade o que disse aqui o Ver. Sebenelo,
que não é o simples fato de você ir numa livraria ou numa banca e ver e receber
um livro ou revista com lacre, por si só, que vai fazer com que as pessoas não
comprem ou não sejam incitadas a comprar armas de fogo e munições... É verdade
isso, mas o simples fato do lacre já chama a atenção, principalmente do jovem,
para que não consuma aquilo que está sendo vendido. Nesse caso, o lacre já
representa um óbice. No mínimo, há uma objeção e, nesse sentido, parece-me
fundamental porque deveríamos fazer campanhas institucionais ou propagandas
públicas para que cada vez menos se utilizassem armas de fogo e munições.
Sabemos o quanto um livro, uma revista ou fotografia induzem, convencem, buscam
convencer a pessoa da utilização da arma de fogo e da utilização para a defesa,
mas sabemos que, na defesa, sempre há
um ataque. Portanto, considero esse Projeto de Lei correto, importante, mas tenho
a convicção de que não é suficiente, porque, na semana passada, tivemos aqui,
em Porto Alegre, um lastimável assassinato de um jovem quando ia para sua
diversão. Estamos vendo, cotidianamente, jovens manipulando armas, pessoas que,
sem de fato saberem o que estão fazendo, o que acontece quando têm uma arma de
fogo na mão, circulam pela cidade. Este Projeto, apesar de colocar essas
objeções, precisa desta Câmara de Vereadores para que, na Cidade de Porto
Alegre, haja uma campanha ousada de esclarecimento sobre a utilização da arma
de fogo. Sabemos que aqui há pessoas especializadas na área da Polícia, da
Brigada Militar que sabem que, muitas vezes, a arma na mão ou na pasta não é
uma defesa, mas pode, inclusive, levar a pessoa a morrer com a própria arma
comprada para sua defesa. É importante o Projeto, mas precisamos mais do que
isso para diminuir a violência na nossa Cidade, no Estado e no País. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib é o próximo orador inscrito. Desiste. O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho à tribuna, em tempo de Pauta,
para abordar dois Projetos. O primeiro deles é um Projeto já citado nesta
tribuna pelo Ver. Cyro Martini, de
autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que pretende que todas as caçambas de
recolhimento de entulhos, também chamadas de “containers”, sejam pintadas, na
sua totalidade, com tinta reflexiva. Hoje, elas têm, em cada face, duas tarjas
de dez por vinte centímetros, o que é absolutamente insuficiente. Talvez
V.Exas. lembrem que, quando votamos o Projeto do Ver. Jocelin Azambuja, eu
tinha um Substitutivo que propunha que essa área fosse bem maior do que é, mas,
infelizmente, não foi aprovado, e agora volta o Projeto do Ver. Reginaldo
Pujol. Antes, eu havia apresentado um Projeto duplicando essa área hoje
existente.
Então, eu quero dizer, Ver.
Reginaldo Pujol, que nós temos que conversar, porque o meu Projeto foi
protocolado antes, mas o de V.Exa. chegou primeiro à Pauta e é o mesmo
objetivo, embora o meu Projeto acrescente outros detalhes. Eu quero dizer que o
Projeto de V.Exa. é muito mais amplo do que o meu e, se nós tivermos
possibilidade de aprovar o Projeto de V.Exa., eu prefiro porque, então, nós
vamos ter esses equipamentos, que são importantes, que disciplinam o transporte
de entulhos e outros materiais, não criando transtornos para as nossas ruas,
porque, se não cuidarmos da segurança, ele se torna um elemento muito perigoso
nas nossas ruas e avenidas. Portanto, se nós tivermos condições de aprovar o
Projeto de V. Exa., eu terei muito prazer em votar a favor.
O outro Projeto que eu quero
abordar é de origem do Executivo, mais especificamente do DMAE, que solicita à Câmara autorização
para fazer uma suplementação orçamentária no valor de 615 mil reais e se
refere a contratos com o Governo do Estado, Programa PIMES, com a Caixa
Econômica Federal, e foi abordado, na Sessão passada, pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt, que fez uma série de críticas e indagações. Em uma conversa
preliminar com o Diretor-Geral do DMAE,
Dieter Wartchow, a explicação é simples
e objetiva. O contrato foi assinado depois do envio do Orçamento de 1997 a esta Casa. O DMAE, sem ter certeza de que
o contrato seria firmado, optou por não acrescentar essa despesa no orçamento
da autarquia. Falta ainda o esclarecimento
sobre qual o motivo de ser a parcela de juros bastante alta, enquanto a
parcela de amortização é menor no todo. Enfim, esclareceremos isso porque tenho
certeza de que o Engenheiro Dieter é cuidadoso. Ele é um homem detalhista com
tudo o que faz e deve ter uma
explicação técnica necessária. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Informo ao Ver. Guilherme Barbosa, que
acaba de deixar a tribuna, que o seu pronunciamento a respeito da similitude
dos dois projetos de nossa autoria já havia sido flagrado pela nossa diligente
Diretoria Legislativa, que já determinou que o processo seja transformado em substitutivo para que os
dois Projetos possam ter tramitação conjunta e paralela.
Está com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt em tempo de Liderança.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero agradecer ao Ver.
Guilherme Barbosa as informações sobre o DMAE, mas quero manter a posição da
principal idéia da crítica, pois, se não tivéssemos votado tão rapidamente
aquele projeto, talvez não tivéssemos que suplementar verbas agora. O
levantamento que o Vereador fez é importante para nos informar. Tive a
oportunidade de passar informações ao
Ver. Pedro Américo Leal, que o
Secretário de Segurança, José Eichenberg, pediu que eu transmitisse
pessoalmente a ele, uma vez que fizemos um contato com a Secretaria de
Segurança para levar até o Sr. Secretário as críticas do pronunciamento do Ver.
Pedro Américo Leal. Colocou, então, que estão comprados quinze caminhões-bomba
por parte da Secretaria, alguns dos quais ficarão estacionados aqui, em Porto
Alegre, e um deles, pelo menos, será locado no Posto da Mauá. Explicou também o
Secretário que o veículo que lá se encontra teve que ser baixado para conserto
e que ele havia dado uma ordem, no dia de hoje, diante, inclusive, da matéria
publicada no jornal, para que outro carro substituto seja ali colocado. Pediu
que eu registrasse a aquisição do carro com a escada magirus, que é um investimento
pesado, e que é a primeira aquisição de magirus que se faz na Secretaria de
Segurança desde 1953.
Ver. Pedro Américo, apenas
transmito as informações do Secretário Eichenberg. O Secretário não falou
pessoalmente com V.Exa. porque ligou diretamente para o meu gabinete e,
evidentemente, eu não iria retirá-lo do Plenário.
Quero, Sr. Presidente,
registrar também que ontem o Ver. Reginaldo Pujol, este Líder, a Vera. Anamaria
Negroni e o Ver. Cláudio Sebenelo participamos, casualmente, também com o Secretário
Eichenberg, do ato formal de lançamento do projeto conjunto entre a ECT -
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - dirigida pelo Dr. Jorge Celso
Gobi, Diretor Regional do Rio Grande do Sul, e o DETRAN, através da Secretaria
de Segurança, convênio pelo qual, a partir de julho do corrente ano, todos os
serviços burocráticos da área da Polícia Civil serão realizados através das
quase quinhentas agências de que dispõe a ECT no Estado do Rio Grande do Sul. A
partir de julho, Ver. Pedro Américo Leal, pelo contrato ontem firmado,
incidentes de trânsito sem vítimas não serão mais registrados numa delegacia de
polícia, mas diretamente numa agência
da ECT, durante os dias de semana, até sábado ao meio-dia. Sábado à tarde
ou domingo, quando os Correios fecham,
então sim, se faz o registro na Delegacia de Polícia. Também as carteiras de
habilitação, uma vez feitos os testes, os exames, o cidadão ou a cidadã
interessados em retirar a carteira vão fazer todo o processamento dos
documentos e a recepção da sua carteira também será efetuada através dos
Correios e Telégrafos. Por fim, o serviço de documentos perdidos, que hoje
ficam perdidos, esperando que alguém vá procurá-los nas centrais dos Correios,
também sofre um processo de informatização e passa a ser um setor de documentos
perdidos e achados, ou seja, cada vez que o documento for perdido, é registrado
pelo interessado numa agência dos Correios e isso entra num banco de dados. O
cidadão que, eventualmente, achar um documento na rua e quiser colaborar, entrega
o documento numa agência dos Correios. Igualmente, entra no banco de dados, e
aí sim a informática faz o resto: cruza os dados, vê se o documento achado está
registrado como perdido. Em caso positivo, faz um contato com o próprio
cidadão, com o próprio interessado. Os Correios emitirão um aviso por conta
própria, sob seus custos, porque esses custos estão embutidos no conjunto do
contrato com a Polícia Civil, e, a partir daí, o cidadão será contatado ou será
avisada a Polícia no sentido de se comunicar que tais documentos foram
encontrados, ainda que não haja registro da perda dos documentos.
A exposição a que assistimos
ontem foi longa, ilustrada com uma série de diagramas. Sobretudo, nos mostra
uma coisa que quero deixar aqui registrada: aquela celeuma em torno da
privatização do DETRAN ou da Polícia Civil, na verdade, é muito mais uma
celeuma corporativista do que qualquer outra coisa. É evidente que aqueles
policiais que passaram boa parte da vida, descansadamente, num serviço
burocrático não querem voltar para a rua para enfrentar o risco do serviço
policial, que é a sua função. Daí toda a pressão que se faz sobre um projeto.
Sr. Presidente, V. Exa. esteve lá conosco; Ver. Pedro Américo Leal, que me
ouve, acho que vai beneficiar o cidadão: em vez de termos oitenta e sete
pontos, que são as Delegacias de Polícia, em todo o Rio Grande, passamos a ter
quatrocentos pontos para servir o cidadão, agilizando serviço, facilitando o
acesso ao serviço, que é público e deve ser bem-prestado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Tem a palavra o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ
BRAZ (Requerimento): Dada a importância do fato referido hoje por, pelo menos, um jornal da
Cidade com relação ao comentário que fizemos da tribuna e dada a intervenção do
Ver. Nereu D'Ávila, que cobrava da Mesa Diretora um posicionamento com relação
à averiguação do caso, solicito a V. Exa. que coloque em votação o Requerimento
que faço para a inversão da Ordem do Dia e coloque, em primeiro lugar, o Requerimento
que solicita Comissão Especial para que a Casa possa averiguar os problemas
levantados por este Vereador.
O SR.
PRESIDENTE: Nobre
Ver. Luiz Braz, nada temos a opor, nem poderíamos, no sentido de submeter o Requerimento de V. Exa. à apreciação dos
Srs. Vereadores. No entanto, neste momento, estamos com uma dúvida de
natureza jurídica com relação à
seguinte questão: trata-se da
constituição de uma comissão de natureza temporária. É uma Comissão Especial e,
mesmo nesses casos, se a matéria é afim com alguma Comissão Permanente da Casa, esta deve ser ouvida. Já houve um
Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, que requereu uma Comissão Especial
para a apuração de outros fatos e foi
encaminhado, até por este Presidente, para a ouvida de Comissões Permanentes
afins. A matéria, a meu juízo, envolveria uma questão de ordem jurídica.
Conseqüentemente, seria uma matéria afim à Comissão de Constituição e Justiça
da Casa. Para embasar o posicionamento da Mesa, se há necessidade ou não da
ouvida da CCJ ou até outra Comissão afim, eu estou procurando amparar a posição
desta Mesa no embasamento da douta Procuradoria desta Casa.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): A honra deste Vereador tem sido atacada em vários órgãos de imprensa
desde que fiz o levantamento dessa questão da tribuna e, por isso mesmo, tenho
pressa em poder começar a fazer essa averiguação, porque, afinal de contas, o
único patrimônio que me resta é a minha honra. Por isso mesmo, se não for
possível essa Comissão Especial, eu vou pedir imediatamente uma Comissão de
Inquérito. Eu acho que não precisamos chegar a uma Comissão de Inquérito.
Podemos fazer a ouvida de Vereadores e ex-Vereadores através de uma Comissão
Especial. Este Vereador, na verdade, é o único deste Plenário que está sendo
atacado de uma forma injusta, até porque estou tentando encaminhar, da forma
mais correta possível, a investigação desses problemas. E eu não gostaria de
continuar sendo alvo de ataques por parte de quem quer que seja, a não ser que
esses ataques possam ser justificados. Até agora eles são incorretos e estão me
colocando numa posição bastante difícil.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa tem a maior atenção, como colega e Vereador no exercício de seu mandato,
com as preocupações que V.Exa. suscita em relação a questões de foro pessoal e
íntimo. Agora, V. Exa. há de entender que esta Presidência tem que se conduzir
dentro de uma linha de embasamento legal. Não precisa nem da formação jurídica
que tem V.Exa. para que naturalmente qualquer colega Vereador entenda esse problema.
O SR. NEREU
D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, entendo também as razões do Ver. Luiz Braz e lhe dou
razão. Mas o meio pelo qual o Vereador está solicitando é, no mínimo, estranho,
porque, sem sobra de dúvida, a Comissão requerida pelo nobre Vereador seria uma
Comissão Especial investigativa, figura
inédita - pelo menos, enquanto estou aqui, não havia visto algo semelhante. E
mais: as Comissões Especiais são regidas pelo art. 63 do Regimento, que, no seu
inciso III, diz: “matéria considerada pelo Plenário como relevante ou excepcional”. Eu até poderia
achar que é uma matéria relevante ou excepcional, mas não com a característica
do art. 66, sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito, que diz que as
Comissões Parlamentares de Inquérito, constituídas nos termos do art. 59 da Lei
Orgânica, terão a mesma competência do Poder Judiciário. “São as que se
destinam à apuração de fatos determinados ou denúncias.” Acho que, quando o
art. 66 do Regimento diz “denúncia”, ele exatamente se refere à questão do Ver.
Luiz Braz. Porque ele, realmente, fez
uma denúncia da tribuna, que foi ampliada pelo ex-Ver. Edi Morelli, onde menciona fatos concretos que ocorreram
com ele. Então, parece-me denúncia. Não estou discutindo as razões do Vereador,
mas sim o meio pelo qual a vontade do Vereador de buscar a verdade será
atendida. Eu acho, sem uma profundidade maior no assunto, que Comissão Especial
investigativa não existe no Regimento, S.M.J.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pelas argumentações do Ver. Nereu D'Ávila, transformo
esta Comissão, e vou colher as assinaturas restantes, em Comissão de Inquérito
a fim de que possamos começar imediatamente a investigar esse assunto. Então,
vou colher assinaturas de que precisamos a fim de transformarmos essa Comissão,
que foi pedida como Especial, em Comissão de Inquérito para que possamos
começar as investigações.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, entendo que o Ver. Braz, estrategicamente, sai para o
lado certo, mas temos que pensar na Casa, porque, quando publicamente formos
abrir uma CPI para investigar uma denúncia, que não é uma denúncia, mas uma
afirmação de um Vereador, vai trazer um reflexo para esta Casa. Eu seria
favorável se não houvesse outra alternativa. Acho que teríamos que fazer um
grande acordo para que essa primeira alternativa, que não é uma alternativa
publicamente forte contra essa Casa, essa Comissão Especial que assinei com o
Ver. Braz fosse instalada de pronto. E
o Ver. Braz se compromete em não presidi-la para que haja uma total isenção.
Essa me parece ser a melhor alternativa. Estamo-nos agarrando a um Regimento
que é dúbio para postergar e, com isso,
vamos dar razão para que o Ver. Braz possa pedir uma CPI que,
publicamente, vai ser muito ruim para esta Casa.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, o art. 63 do Regimento, no seu inciso III, diz que
matéria considerada pelo Plenário como relevante ou excepcional dá origem a uma
Comissão Especial. Ora, o Plenário há de decidir. Não vejo, por outro lado,
nenhuma Comissão que se vincule a esse tipo de indagação que faz o Ver. Luiz
Braz. Não há por que não submeter à consideração do Plenário a proposição do
Ver. Luiz Braz. Nenhuma Comissão Permanente tem o caráter de fazer
interrogatório, saber o porquê das declarações. Não cabe. A mais próxima,
talvez, seria a Comissão de Justiça, mas não é o caso.
O SR. GERSON
ALMEIDA (Questão de Ordem): Logo após as declarações do Ver. Luiz Braz, o Ver. Adeli Sell fez um
Requerimento à Comissão de Justiça da Casa, no mesmo dia, para que fosse
analisado pela Comissão própria se o tipo de declaração feita estava ou não
enquadrada em procedimentos previstos no Regimento, na Lei Orgânica. Parece
que, nesse meio tempo, antes de ouvir a Comissão Permanente da Casa sobre
aquela questão - aquele Requerimento já encaminhado para o Plenário -, seria
bastante inadequada a constituição de qualquer Comissão com as características
que o Ver. Luiz Braz está propondo. Me parece que nós deveríamos, primeiro,
ouvir a Comissão de Justiça e, posteriormente a isso, quem sabe, se for a
vontade majoritária do Plenário, instituir ou não essa Comissão. Caso
contrário, a solicitação de Comissão pode ser caracterizada como uma tentativa
de desviar o assunto que foi levantado em Plenário e aí, convenhamos, não
podemos nos expor a essa situação.
O SR.
PRESIDENTE:
A Mesa, antes de tomar uma deliberação, vai ouvir os Vereadores que desejam se
manifestar sobre o tema.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tive a oportunidade de, quando me
manifestei sobre a matéria, dar a medida que entendo sobre a mesma segundo a
minha ótica. Então, é nesse sentido que eu concorro com a cautela aqui colocada
pelo Ver. Fernando Záchia. Porque veja V.Exa. - eu chamo a atenção da Casa: o
Ver. Luiz Braz faz uma denúncia e esta encontra um réu confesso. O ex-Ver. Edi
Morelli confessou. O Ver. Luiz Braz denuncia e ele confessa. Eu prefiro
entender que o Ver. Edi Morelli é uma figura tão amiga nossa, que talvez não
devam ser levadas tão a sério essas denúncias. Porque é aberta uma Comissão
Parlamentar de Inquérito, nós temos os dados aí para dizer simplesmente que é
responsável o Ver. Edi Moreli. Eu me inclinaria, Sr. Presidente, que se fizesse
uma investigação preliminar, e esta pode ser feita pela Comissão de Justiça e,
num segundo momento, sim, levar para uma Comissão de Inquérito. Não se pode
fazer uma Comissão de Inquérito para se dizer que terminou em “pizza”, que não
aconteceu nada. Estou, exatamente, preocupado em preservar o ex-Ver. Edi
Moreli, uma figura nossa, tão querido, tão amigo, mas que, muitas vezes, diz
coisas. É nesse sentido que eu faço a colocação.
O SR.
PRESIDENTE:
Nós queremos registrar a presença da Sra. Márcia Morais, Secretária de Cultura
e Turismo da Cidade de Rolante, que honra esta Casa com a sua presença.
(Palmas.) Sinta-se inteiramente à vontade nesta Casa.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu fico preocupado com as discussões que estão surgindo em cima da
proposta do Ver. Braz. Em primeiro lugar: outro dia, quando o Ver. Dib tinha um
Requerimento pedindo uma Comissão Especial, o partido governista passou por
cima da Comissão e quis votar o Projeto com pedido de urgência na marra. E
conseguiu. Agora quer usar o critério que nós defendíamos antes, mas que foi
tratorado anteriormente. Primeiro uma coisa e depois outra? Primeiro o
Requerimento e depois a Comissão? Ou vale uma ou vale outra coisa. Já valeu
a outra; então, vamos manter a regra.
Essa história de adaptar a regra ao interesse de partido não dá!
A segunda questão, Sr. Presidente, é um registro apenas político.
É curioso: no Congresso Nacional querem primeiro a CPI; aqui, querem primeiro a
Comissão. Não entendo a falta de coerência
do partido governista. Há um pedido formal; vamos fazer esse pedido;
vamos votar. Ou o PT está com medo de votar essa Comissão? Vamos lá! Vamos
aprovar a Comissão e levar isso a fundo. A Bancada do PSDB não tem medo!
O SR.
PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, nós queremos informar que, na outra oportunidade, com relação à
Comissão Especial requerida pelo Ver. João Dib, a Presidência determinou o
encaminhamento do Requerimento às Comissões atinentes ao assunto. Há pouco, o
Ver. Dib, numa avaliação de mérito do teor do pedido da Comissão Especial,
levantava uma dúvida razoável de que, a rigor, esse tipo de manifestação não
teria afinidade com nenhuma Comissão Permanente da Casa e que poderia ser
imediatamente votada. Eu estou buscando embasamento da Procuradoria da Casa
neste sentido. Se for necessário, ouviremos - já ouvimos uma vez - a posição do
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Ver. Elói Guimarães.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Gostaria de chamar a atenção do Plenário e da Presidência que o
Requerimento do nobre Ver. Adeli Sell tratava-se de aplicação do Código de
Ética, ou não, em razão das declarações do Ver. Luiz Braz. Nada tem a ver com a
matéria que está sendo discutida neste momento, conforme alegação do Sr. Líder
do PT.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO (Esclarecimento): Acho que a sociedade de Porto Alegre, como parte da sociedade
brasileira, tem acompanhado, infelizmente, em período recente, de forma muito
freqüente, denúncias da maior gravidade em relação ao Parlamento, seja o
Congresso Nacional ou outros. E estas denúncias chegam por vários caminhos, por
uma questão interna, como foi levantado, ou levantamentos de procedimentos, com
lisura ou não, como foi o nosso caso. E é responsabilidade da sociedade
acompanhar essas questões. Acho, na verdade, que temos nos posicionado, em
relação ao Congresso, quando há qualquer dúvida, pela instalação de mecanismos
de averiguação, CPIs. Acho que não podemos permitir que a Câmara Municipal de
Porto Alegre, no momento que um Vereador da Casa levanta essa questão, que um
ex-Vereador da Casa se coloca como réu confesso, não podemos nos colocar como
avestruz, deixando o mau tempo passar. Na verdade, fazendo isso, estamos sendo
completamente incoerentes com a posição política que esta Casa tem tomado
quando há dúvidas quanto à lisura de procedimentos quanto a outros parlamentos.
Este Plenário tem que aprofundar essas questões, sim, tem que tomar, hoje,
decisão madura, coerente e responsável sobre esse tema, sob pena de nós,
Vereadores de Porto Alegre, sermos considerados pessoas que não têm
responsabilidade política.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa só lembra a V. Exas.
um outro aspecto que tem caracterizado esta Casa, sobretudo nas duas últimas
legislaturas, onde muitos Vereadores convivem num trabalho muito forte, muito
denso em relação aos trabalhos legislativos, seja nas Comissões Permanentes,
seja no Plenário desta Casa: um alto senso de responsabilidade. Há um
Presidente Titular da Casa, e este Vereador está interinamente respondendo na
condição de Presidente em exercício. Evidentemente, naquilo que se exigir
urgência em medidas, as tomará, mesmo em caráter de interinidade. Agora,
gostaria de ponderar a V. Exa. e aos demais Vereadores que o Presidente desta
Casa tinha intenção, inclusive manifestada da tribuna desta Casa pelo Líder da Bancada
do PDT, de convocar uma reunião da Mesa Diretora e dos Srs. Líderes para tratar
especificamente desse tema. Achamos que, juntamente com o Requerimento do Ver.
Luiz Braz - e registre-se que o Vereador há tempo tomou o caminho que ele
entendeu correto, de encaminhamento do procedimento e, no tempo hábil,
ingressou com um pedido de constituição de Comissão Especial... Talvez o
conjunto da Cidade, até por uma eventual falha dos meios de comunicação, não
tenha registrado a providência tomada pelo Ver. Luiz Braz, da tramitação de um
pedido de Comissão Especial que se encontra tramitando nesta Casa, num
procedimento perfeitamente normal, e em tempo hábil, dentro da tramitação do
processo legislativo. Temos que ter o cuidado, também, de não sermos pautados, simplesmente, pelos tempos definidos pela imprensa, até
porque temos um Regimento, temos uma Lei Orgânica, um Código de Ética e um conjunto de normas legais que conduzem os
trabalhos desta Casa. Portanto, acho que, necessariamente, não precisamos, no
dia de hoje - embora eu sinta a preocupação do Ver. Luiz Braz -, dar uma
definição imediata, em função, até, dos fatos que se desenrolaram, até porque
ele tem a preocupação de preservar o seu maior patrimônio, como diz, que é a
sua honra e a sua dignidade pessoal. Agora, na condição de Presidente interino
desta Casa, eu acho que esta discussão pode ser mais construtiva do ponto de
vista de encontrar uma solução com uma reunião das Lideranças desta Casa com a
Mesa Diretora e com Vereadores eventualmente interessados no desdobramento
deste assunto. Certamente, a maior parte dos Vereadores se sentirão representados por seus Líderes
nessa reunião.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, existe um Requerimento que foi endereçado à Mesa e, até
por sugestão de uma outra Liderança da Casa, foi transformado num Requerimento
pedindo a Comissão de Inquérito. As assinaturas que faltam para completar o
documento nós vamos buscá-las agora, de acordo com o que diz o Regimento. Eu
acredito que não há mais o que esperar.
O SR.
PRESIDENTE:
Vereador, eu pergunto objetivamente se V.Exa. está retirando o Requerimento de
Comissão Especial.
O SR. LUIZ
BRAZ: Estou
transformando em Comissão de Inquérito.
O SR.
PRESIDENTE: Não,
Vereador.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, ou esta Casa não quer investigar as questões que foram levantadas,
ou esta Casa quer postergar, ou esta Casa tem alguma coisa contra este
Vereador, porque é o meu nome que está na imprensa todos os dias como quem não
quer investigar. Eu estou dizendo a V.Exa. que eu quero uma comissão
investigativa, o que é impossível, de acordo com as declarações do Ver. Nereu
D'Ávila, e ele está correto com relação ao Regimento. Então, se não é possível
uma Comissão Especial, estou solicitando o único mecanismo que tenho para que
eu possa investigar a questão.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador,
assistem a V.Exa. todos os procedimentos legais que entenda serem pertinentes.
V.Exa. - com o maior respeito lhe digo isso, pelo tempo, pela experiência, pela
sua maturidade - ingressou com Requerimento de Comissão Especial. Tramitando na
Casa há poucos momentos, ingressando na Ordem do Dia, V.Exa. requereu a
inversão dos trabalhos para que se votasse num primeiro momento os
requerimentos. Ato seguinte, a partir de uma série de manifestações havidas,
V.Exa. pretende transformar o Requerimento de Comissão Especial para Comissão
de Inquérito. V. Exa. sabe que o Requerimento de CPI tem requisitos próprios e
fundamentos próprios diferentes dos fundamentos da estrutura legal do
Requerimento de Comissão Especial. Se V. Exa. tiver o Requerimento como fato
determinado e outros requisitos no sentido de constituição de uma CPI, não há
necessidade de votação. Eu não vou polemizar. Eu estou informando V. Exa. que
não estamos querendo dificultar, em nenhum momento, o trabalho de V. Exa., mas
apenas estamos, na condição de Presidente dos trabalhos, informando-lhe os
caminhos que dispõe. Com amparo na manifestação da Procuradoria da Casa,
confirmou-se a posição desta Mesa Diretora. V. Exa. precisa retirar o
Requerimento de Comissão Especial ou deixar este aqui e fazer um Requerimento
de constituição de CPI. É uma prerrogativa própria de V. Exa. e de qualquer
Vereador.
O SR. LUIZ
BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, foram preenchidos todos os requisitos do nosso
Regimento com relação a uma CPI. O Ver. Edi Morelli, ex-Vereador desta Casa,
disse exatamente que negociou o seu voto. Isso é um fato determinado, Sr.
Presidente, e o que pede o nosso Regimento é exatamente isto: para que haja
Comissão de Inquérito, tem que haver um fato determinado. O que estou
solicitando a V. Exa. é exatamente isso, que, para investigar este fato
determinado, nós possamos constituir aqui, nesta Casa, uma Comissão de
Inquérito.
O SR.
PRESIDENTE: Ver.
Luiz Braz, a Mesa volta a informar a V. Exa. que a Comissão Parlamentar de
Inquérito é o instrumento mais forte, vigoroso e poderoso que existe num
parlamento do ponto de vista investigativo. É a peça instrutória inicial que
abre o processo investigatório e jurisdicional, com poderes jurisdicionais
atribuídos a um Legislativo. Conseqüentemente, Vereador, esse pedido eu não
posso aceitar. Primeiro, verbalmente. Segundo: não posso transformar um pedido
de Comissão Especial, que atende a outros requisitos, que podem alguns até
coincidirem com o da Comissão Especial, não posso transformar um requerimento
de uma Comissão Especial em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, porque é a
peça mais importante. V. Exa. é um advogado brilhante, sabe disso. Eu não posso
transformar uma ação declaratória em um mandado de segurança, na condição de
magistrado, se tivesse jurisdição em alguma Vara da Cidade.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente, o Requerimento que eu estou fazendo, muito embora seja verbal, está
apenas antecedendo um Requerimento que vou entregar a V. Exa., por escrito,
exatamente como pede o nosso Regimento. Só estou pedindo de público que V. Exa.
possa imediatamente despachar esse pedido que vou enviar à Mesa a fim de que possamos iniciar todos os
procedimentos normais para que essa ação determinada, que será objeto dessa
Comissão, possa ser imediatamente deflagrada
O SR.
PRESIDENTE:
V.Exa., Ver. Luiz Braz, já foi Presidente desta Casa. É um dos mais antigos,
depois do Ver. João Dib e do Ver. Elói Guimarães, e tem conhecimento de todos
os procedimentos em relação a essa Comissão. Este Presidente interino, se
chegar a ele dentro dos prazos e cumprindo os requisitos, o documento se
processará na forma regimental. V.Exa. sabe que este Vereador, no pleno
exercício de suas prerrogativas, deferiu a constituição de uma CPI no ano
passado, o que ensejou debates e discussões de ampla repercussão na Cidade.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Quero-me ater ao nosso Regimento. Acho que as
Questões de Ordem devem ter o objetivo de esclarecimento e de debate a partir
daquilo que deve nos nortear, que é o Regimento, que deve pautar todas as
relações e balizar todas as intervenções. Vejam, meus colegas Vereadores:
quando se fala de Comissão Especial, o nosso Regimento, art. 63, coloca três
possibilidades para o estabelecimento de Comissão Especial: emenda à Lei
Orgânica, alteração do Regimento Interno ou matéria considerada pelo Plenário
como relevante ou excepcional. No entanto, se podemos colocar como Comissão
Especial as questões que foram levantadas pelos Vereadores Luiz Braz e Edi
Morelli, teremos que, necessariamente, assumir o que está colocado no inciso
III, que estabelece que, no caso de questões consideradas como relevantes ou
excepcionais, a Comissão Especial será constituída mediante requerimento do
Vereador, submetido preliminarmente ao exame da Comissão Permanente afim com a
matéria e com o consentimento dessa.
Portanto, parece-me, Srs.
Vereadores, que, se o Ver. Luiz Braz mantém o Requerimento de Comissão
Especial, e esta Vereadora não sabe exatamente qual o Requerimento que se
encontra na Mesa, deveremos ouvir a Comissão de Constituição e Justiça. Esse é
o pressuposto para a criação de uma Comissão Especial e, depois, o Plenário
votará a partir do Parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Se o Ver.
Luiz Braz não mantém o Requerimento de Comissão Especial e apresenta à Casa um
Requerimento de CPI, aí, Srs. Vereadores, esta Vereadora, a nossa Bancada não
tem uma posição delineada porque não conhecemos o objeto da CPI. Não quero - e
faço essa declaração como Vereadora - estar sendo colocada na posição de quem
está, em Questão de Ordem, sendo investigada. Dois Vereadores levantaram
determinadas questões - o Ver. Edi Morelli e o Ver. Luiz Braz -, que têm
responsabilidade por seus atos e pelas suas palavras. Quero que sejam apuradas essas questões, com responsabilidade,
para que isso não venha a trazer uma situação difícil e de envolvimento, como
se essa atitude fosse generalizada em toda a Casa. Se for convocada uma CPI - V. Exa. colocou muito bem -, isso deve
ser feito por escrito, em requerimento assinado por 1/3 dos Vereadores. E quero conhecer exatamente o objeto dessa
CPI, porque aqui só cabe investigação em relação aos pronunciamentos dos Vereadores
Luiz Braz e Edi Morelli.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Estamos atentamente ouvindo todas as manifestações
da Casa, porque é um assunto que está presente na opinião pública de Porto
Alegre e precisa ser encarado de frente por todos nós sob pena de parecer que,
nesta Casa, alguém está fazendo declarações irresponsáveis ou que existem
Vereadores temerosos de que essa situação seja examinada mais aprofundadamente.
O deferimento pelo Plenário de uma Comissão Especial não me parece o caso; se o fosse, até que fosse constituída, nós
teríamos um longo período a percorrer, com a indicação dos seus integrantes e
assim por diante. Se fosse constituída
uma Comissão de Inquérito, que é deferida de plano pela Presidência, desde que
satisfaça as exigências básicas, sendo, a principal, a solicitação de 1/3 da
Casa... Precisamos construir uma forma
que, de imediato, nos dê uma resposta a essa situação criada. Eu proponho que V. Exa. consulte, a seu
critério, sobre a conveniência de que em 24 horas - e para tanto eu conto com a
contribuição do Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a exemplo do
que se faz em outros parlamentos - se promovesse uma reunião da Comissão de
Justiça com o nosso ex-colega Ver. Edi Morelli para que se possa avaliar a
gravidade e a extensão da sua denúncia e, se justificado for, eu, inclusive,
serei um dos que adiantadamente já me colocarei na relação daqueles que,
convencidos da honestidade, irão subscrever a imediata instalação de uma CPI,
após o convencimento da audiência prévia do ex-Ver. Edi Morelli.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Solicito tempo para uma Comunicação de
Liderança, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador,
a Mesa informa que, tão logo haja a chamada, por entendimento assente nos
precedentes decisórios desta Casa, neste momento, indefere o pedido de Liderança.
Os trabalhos estão suspensos
por cinco minutos.
(Suspendem-se os trabalhos
às 16h15min.)
O SR.
PRESIDENTE(às 16h23min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O SR. LUIZ
BRAZ (Requerimento): Solicito inversão da Ordem do Dia para, em primeiro lugar, apreciarmos
os Requerimentos e, logo após, entrarmos na Discussão Geral e Votação dos
Projetos.
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento n° 135/97,
firmado pelo Ver. Luiz Braz, que requer a constituição de Comissão Especial
para que seja ouvido o ex-Vereador Edi Morelli sobre a afirmativa de ter
negociado o seu voto em troca de benefícios para a sua comunidade.
A Mesa informa que consultou
a Procuradoria da Casa e a Procuradora-Chefe da Casa, na sua avaliação
jurídica, entendeu que não haveria , no caso, Comissão Permanente afim para que
fosse ouvida da concordância ou não. A Mesa se vincula ao entendimento do órgão
competente da Casa.
Em votação o Requerimento do
Ver. Luiz Braz.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Solicitamos aos autores deste Requerimento se é
possível incluir, na oitiva do ex-Ver. Edi Morelli, a oitiva do Ver. Luiz Braz,
que também trouxe informações.
O SR.
PRESIDENTE:
Informamos a V.Exa. que estamos em regime de votação do Requerimento de autoria
do Ver. Luiz Braz para constituição de uma Comissão Especial especificamente
para ouvir o ex-Ver. Edi Morelli. Evidentemente que a Comissão Especial, nos
uso das faculdades, das prerrogativas que ela tem para encaminhar, ela poderá
solicitar a ouvida do Ver. Luiz Braz,
na condição de requerente e primeiro signatário do Requerimento.
Em votação. O Ver. Juarez
Pinheiro está com a palavra para encaminhar pelo PT.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Casa vive um momento singular. Esta Casa
tem sido palco de retumbância dos mais nobres ideais no sentido de trazer
discussões importantes para esta Cidade e ser uma Casa que repercute a vida
desta Cidade. Nós estamos com esse
processo, a nosso juízo, fazendo uma falsa polêmica e denegrindo a imagem desta
Casa, que tem se notabilizado como um parlamento sério, que trata com a maior
importância e seriedade todas as questões desta Cidade. Pela inconseqüência,
pela irresponsabilidade, talvez num momento de infelicidade a que todos nós
estamos sujeitos, o Ver. Luiz Braz conduz este Parlamento a uma discussão que
não tem nada a ver com a sua história, uma discussão que denigre este
Parlamento. O Ver. Luiz Braz já está possivelmente, pelo seu semblante,
arrependido, mas na vida, às vezes, tomamos caminhos dos quais não podemos
retornar, porque aquelas ações praticadas redundaram em terceiros e, neste
caso, todos nós desta Casa já tivemos ônus, já fomos difamados pela
inconseqüência, num momento de infelicidade de um Vereador que já teve outros momentos de mais brilho e de mais
importância nesta Casa.
Hoje, V. Exa., Ver. Luiz
Braz, presta um desserviço, não com o seu Requerimento, mas com o seu
comportamento. Por certo, um dia V. Exa. fará uma autocrítica.
O PT está disposto a fazer
as mais amplas investigações, com os instrumentos jurídicos mais eficazes, seja
no Congresso Nacional para que se apure a compra de votos, envolvendo Ministros
do Governo Fernando Henrique Cardoso, seja nas questões em que se insere o
nosso Partido, seja nesta Casa.
Hoje, encaminha-se aqui a
votação de um Requerimento para uma Comissão
Especial. O Partido dos Trabalhadores está dizendo sim! Sim à Comissão
Especial! Que se apure, até as últimas conseqüências! Que aqueles que
deram origem a essa falsa polêmica
sejam responsabilizados na forma do Regimento, na forma da Lei Orgânica do
Município. Se esse instrumento não for suficiente, se não der a essa Comissão
Especial todos os instrumentos necessários para que os fatos sejam apurados da
forma mais irrestrita, mais ampla, estamos dizendo, de antemão, que aceitamos
uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O que não pode acontecer é que irresponsabilidades desse tipo, que denigrem
a Cidade, este Parlamento, tenham guarida entre nós, Vereadores.
Por isso, o PT vota a favor
da Comissão Especial, e votará, se necessário, se ela não apurar, a favor,
também, da CPI. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que nós havíamos sugerido acerca do
assunto não perde a atualidade. Fundamentalmente, Ver. Pedro Américo Leal, o
que nós queremos é que a Casa, sobre esse assunto, tenha uma resposta rápida e
eficiente. Percebo que o consenso da Casa entende oportuno que se aprove essa
Comissão Especial e que se ouça o ex-Ver. Edi Morelli a respeito dos fatos por
ele denunciados perante os órgãos de comunicação da Cidade. Mas que se faça essa Comissão com brevidade,
com celeridade.
Venho à tribuna fazer um
apelo a todos os Líderes da Casa para que, na sexta-feira, primeiro dia útil
que teremos após o fato, estejamos em condições de ouvir o ex-Ver. Edi Morelli.
E que se enfrente esse assunto com objetividade, com transparência e com a
clareza que sempre caracterizou a postura dos membros desta Casa. Se existe algo podre no Reino da Dinamarca,
que se esclareça. E se tem algo podre
nesta Casa, que se afaste desde logo. E
não importa quem seja, porque, inclusive, podem ser alguns de nossos
amigos. Era só isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para encaminhar.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa, nos últimos dias, está muito agitada em função de denúncias,
de questões levantadas em torno da troca de favores por voto. Eu convivo com esta Casa, com uma
interrupção de um período de cassação, por trinta e três anos. Não é a primeira vez que episódios dessa
natureza afloram. Eu mesmo fui relator
de uma comissão processante, há uns quatro anos, que não pôde apurar nada por
falta de elementos conclusivos, de documentos - naquele tempo ainda não havia
quebra de sigilo bancário, de sigilo telefônico, que hoje estão em moda -, mas
me parece que esta Casa vai adotar o remédio menos amargo para tentar
esclarecer esse episódio, que é a formação de uma Comissão Especial. Na Lei Orgânica existem remédios mais
amargos e que seriam os adequados.
Com toda a fraternidade que
me liga ao velho companheiro Luiz Braz, pois assumimos nesta Casa há quatorze
ou quinze anos, quero dizer tranqüilamente que o companheiro Luiz Braz entrou
num brete ao fazer a afirmação de que havia esse processo, e agora,
fraternalmente, quero dizer ao companheiro Luiz Braz, Vereador desta Casa, que
ele está usando o Plenário da Casa para conseguir se eximir parcialmente desse
arroubo. Nós vamos constituir a Comissão Especial, nós vamos investigar. O Ver.
Juarez Pinheiro já disse que, se não forem suficientes os instrumentos da
Comissão Especial, vamos até à Comissão
de Inquérito. Ouso ir até mais adiante: se houver algum indiciamento mais formal,
mais seguro, mais profundo, temos que ir para a Lei Orgânica e ir para a
Comissão Processante, que é um rito
mais duro, que obedece a determinações de uma legislação federal. Srs.
Vereadores, vamos andar com mais vagar
com o andor, porque o santo tem pé de barro. Não vamos cuspir para cima,
como diz o ditado. Esta Casa vai fazer brevemente 224 anos e
não pode ficar à mercê desse tipo de suspeita. Se não conseguirmos chegar ao
âmago dessa questão, sou favorável à
Comissão Especial em última instância, porque para mim essas coisas
deveriam ir para uma Comissão
Permanente da Casa para que ela apontasse o caminho que devêssemos seguir. Estamos atalhando um
pouco o caminho. Vamos para a Comissão Especial, que é um remédio menos amargo.
Depois vamos ver o que vai acontecer.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu acredito que a democracia se constrói com
vários mecanismos. O Parlamento, evidentemente, é um dos pilares fundamentais na construção do processo
democrático e a credibilidade dos procedimentos nele estabelecido é
fundamental para a construção do caminho da confiança que a população tem que
ter nessa representação. Os partidos políticos e os parlamentos são os
depositários dos mecanismos, da expectativa da construção das representações
políticas, das decisões de poder, da construção das decisões que regem a
sociedade. Não é por acaso que a sociedade acompanha tão de perto qualquer
fissura nesses instrumentos. Há alguns anos no Brasil a freqüência dessas denúncias tem sido enorme, e na
verdade nós, que somos políticos, parlamentares, temos a responsabilidade
enorme de demonstrar as diferenças que existem entre os políticos, e a confiança deve ser depositada, com motivo,
da população em relação a nós. Porto Alegre é uma cidade que tem uma Câmara
com uma trajetória da maior
importância. Um dos motivos dessa importância é justamente a credibilidade
dessa Casa. Nesse momento em que há um questionamento feito por um membro da
Casa sobre a lisura dos procedimentos, e num momento em que a sociedade assiste à banalização das denúncias no
Congresso Nacional, o que tem sido
motivo de várias CPIs, quando inclusive nesta Casa começamos a discutir
a utilização de mecanismos legislativos,
é muito importante que a sociedade saiba que, quando aqui se tem alguma
dúvida quanto à lisura dos procedimentos, enquanto Vereadores faremos questão
absoluta em esclarecer isso. Não existe meia honestidade, meio caminho da
verdade, meia lisura. Tem que haver
lisura, clareza, explicação para a população, para os eleitores que nos
colocaram aqui. Se o Ver. Luiz Braz
tomou a decisão de levantar essa suspeita, não é um problema qualquer. Temos que ir a fundo na solução dessa
questão, com autoridade política e com
responsabilidade, para esclarecer a população. Se não fizermos isso, nós vamos contribuir para uma posição
perigosíssima que hoje se constitui na sociedade, de que os políticos não
merecem confiança.
Nós, da Bancada do PMDB,
queremos apurar todas as denúncias para que haja esclarecimento, nesta Casa e
para a população de Porto Alegre, de tudo o que aqui foi levantado. Isso não
pode ser interpretado como a posição de uma bancada “versus” outra bancada.
Isso tem que ser entendido como uma preocupação na defesa do Parlamento e na
defesa do mandato que a nós foi delegado. Aquelas denúncias parecem tão
distantes lá, em Brasília, envolvendo alguns partidos, alguns políticos...
Essas denúncias que envolveram o PT, que a direção do PT tem que se posicionar
sobre elas; a denúncia que envolveu o PT em Santa Maria, numa convenção; a
denúncia do Congresso Nacional - daí a pouco essas coisas começam a se
propagar, e parece ser uma generalização. Eu faço questão de dizer que eu não
quero fazer parte dessa generalização. E eu tenho certeza de que outros
Vereadores aqui também não querem.
Acho que o Ver. Carlos
Garcia foi muito feliz na sua intervenção anterior ao dizer que nós lutamos
muito para chegar aqui; nós, quando chegamos aqui, dedicamos parte da nossa
vida a uma luta política, a um trabalho nos vários setores da sociedade. E
temos que honrar isso pela nossa história pessoal. Mas temos que honrar isso
também pela instituição que nós representamos.
Vamos para a Comissão
Especial, se assim decidirmos; mas temos que ser rápidos para que esta Cidade
jamais possa pensar que nós estamos tentando transformar a questão em “pizza”
ou que nós estamos adiando uma decisão destas. E se não for suficiente, faremos
através de qualquer outro mecanismo legislativo, desde que todos os fatos sejam
esclarecidos e desde que não haja, na sociedade de Porto Alegre, nenhuma dúvida
sobre o tipo de comportamento que têm os seus representantes no Legislativo.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE:
O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para encaminhar.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, alguns posicionamentos que ouvi desta tribuna
colocaram-me aqui como se eu fosse culpado por algum ato que tivesse manchado
tanto a minha conduta, desde que entrei neste Parlamento, há 15 anos, que, é
claro, manchando a minha conduta, poderia manchar a conduta de outros
Vereadores. Eu não fiz nada disso. Não estou sendo acusado, absolutamente, de
nada e, se o fosse, estaria me defendendo aqui ou me defendendo nas instâncias onde a acusação estivesse sendo
feita.
Eu levantei um fato, fazendo
um comentário a respeito de um determinado assunto, e no dia seguinte, como
esta matéria saiu em um jornal da Cidade, um dos ex-Vereadores desta Casa disse
que ele, na sua ação, enquanto Vereador, enquadrava-se perfeitamente dentro
daquela análise que nós fazíamos. Ou
foi algo diferente disso? Pensei que as coisas fossem analisadas pelos Srs.
Vereadores de uma outra forma. Mas sabiamente o Plenário cobrou aprofundamento
das investigações. E hoje a imprensa - e não apenas hoje, segunda-feira também
-, o Jornalista Barrionuevo fez com que, nas suas matérias, de maneira
inteligente, este Vereador se sentisse na obrigação de tomar a liderança com
relação às investigações que necessitam ser feitas com relação ao que foi dito
pelo Ver. Edi Morelli, que apenas se enquadrou dentro daquilo que nós
comentávamos aqui desta tribuna. Então resolvi pedir uma Comissão Especial
porque acreditava que essa Comissão fosse a maneira mais correta de
encaminhamento, porque, como não há nenhum fato já investigado e nenhuma culpa
já estabelecida, gostaria que o Vereador fosse ouvido para que, em sendo
ouvido, se estivesse estabelecida a culpa de alguém, pudesse até ser aberta a Comissão de Inquérito. Eu só iria optar
pela Comissão de Inquérito porque não me restava nenhum outro caminho. Não
posso mais, Ver. Elói Guimarães, deixar que as coisas aconteçam amanhã. Prometi
ao Ver. Záchia que não serei o Presidente da Comissão, muito embora deseje ser
um dos participantes. Não vou ser o Presidente, até porque é lógico que outro
Vereador desta Casa presida esta Comissão e que, também, o Relator seja outro
Vereador que não eu. Que outro Vereador realize o Parecer e possa esclarecer
este Plenário e esclarecer a nossa sociedade a fim de que possamos votar a
maneira pela qual vamos dar seqüência a esses acontecimentos! Agora, por favor,
Vereadores que vieram aqui e quiseram julgar este Vereador: V. Exas. não têm
esse direito, porque eu não estou em julgamento, não cometi nenhum ato falho.
Vim a esta tribuna fazer um comentário no meu estrito direito de Vereador.
Estou nesta Casa há 15 anos e jamais, nesses 15 anos, tive meu nome colocado
sob suspeição porque jamais participei de qualquer ação espúria nesta Casa.
Resolvi, inclusive, no meu pronunciamento, trocar o termo “negociata”, que
havia utilizado, por “negociação”, porque acredito que o que houve,
realmente, foi uma negociação de voto.
Isso foi dito por um Vereador e, quem sabe, poderá haver outros depoimentos,
dentro da Comissão, que possam, inclusive, avalisar aquilo que está sendo dito
por um ex-Vereador desta Casa. Só por
isso requeri a Comissão Especial, para não chegar à Comissão de Inquérito, porque
acho que não é caso para uma Comissão de Inquérito. Mas, por favor, não é este
Vereador que está sob julgamento. Estamos julgando um fato comentado desta
tribuna e que um ex-Vereador se enquadrou dentro dele. Pedi a Comissão Especial
para que esse ex-Vereador pudesse ser ouvido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver Nereu D'Ávila está com a palavra para encaminhar.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu creio que a Casa está sendo sensata ao se
debruçar sobre esse tema até porque, no início da Sessão, eu lia o “Correio do
Povo”, onde o colunista Políbio Braga pedia a manifestação do Ministério
Público e o Jornalista Mendes Ribeiro se referia nominalmente ao Ver. Luiz Braz
e ao ex-Ver. Edi Morelli. Então, li as
matérias no “Correio do Povo” e achei que deveríamos tomar uma posição. Fico muito satisfeito que, por coincidência
ou não, ela esteja sendo tomada. Não é
hora de acusações, só que o Ver. Luiz Braz, não sei se por distração ou não,
requereu uma Comissão Especial nominando só o Ver. Edi Morelli. Agora, desta tribuna, o Ver. Luiz Braz foi
mais objetivo. Ele disse: “Não cabe a ninguém me acusar.”. Eu seria a última pessoa a fazer isso - pelo
contrário, até, ao que se sabe, não há nada. Só que o Vereador, da tribuna - a
Taquigrafia confirma -, agora sim foi
preciso, e é nessa posição que devemos votar... A partir de um fato referido por S.Exa. aqui - “negociata” e não
“negociação” - foi como acender um palito de fósforo perto de um barril de
pólvora, o que não é de estranhar, porque S. Exa. sabia da responsabilidade
pelas palavras proferidas. Esse fato
ensejou que o ex-Vereador do seu Partido viesse a público, até de forma
inopinada e ética, dizer que ele foi vítima dessa situação, o que é estranho. Não interessa. Nós vamos avaliar esses dois
fatos, Ver. Luiz Braz, e eu, então, estranho que V. Exa. só queira escutar o
outro, dando até a impressão de que V. Exa. não quer falar para ilustrar a
futura Comissão sobre sua manifestação desta tribuna agora, aqui. Tudo que se está fazendo aqui partiu de dois
fatos, um deles ensejado por V. Exa. - portanto, detonador; o segundo, a partir
da manifestação do Ver. Edi Morelli.
Ocorre que a sua manifestação também foi para as páginas da imprensa,
transformou-se em um fato público que os diversos jornais estão-nos
cobrando. Hoje, o nosso Políbio Braga
já quer que o Ministério Público chegue aqui.
Antes que o Ministério Público chegue aqui, nós temos suficiente discernimento
e até competência, porque há inúmeros juristas na Casa e até promotores. Então,
antes que encontre, aqui, alguém fazendo alguma coisa errada, nós estamos
tomando essa iniciativa, que é salutar. Evidentemente, os desdobramentos virão
após.
Para colaborar, eu me
inclino pela Comissão Especial. No microfone eu referi que preferia a CPI, até
porque o Regimento não acolhe Comissão Especial investigativa, mas a CPI vai
retardar o assunto, vai dar uma má impressão. Nesta altura, nós somos como a
“mulher de César’: não basta sermos honestos. Então, não vamos postergar; vamos
para a Comissão Especial. De qualquer maneira, ela ouvirá as pessoas que
“detonaram” o fato. Eu creio que V. Exa. mesmo, Ver. Braz, se oferecerá para
esclarecer a sua manifestação feita da tribuna. A partir daí, estaremos,
publicamente, dando satisfações à sociedade. A Vera. Clênia foi feliz nisso: se
em toda parte se fala nisso, e aqui se
falou, nós temos que reparar, mostrar para os outros o que V. Exa., Ver. Braz,
quis dizer e o que o Ver. Morelli tem para nos dizer. São esses os dois fatos
que ensejam a criação da Comissão Especial, que, eu tenho certeza, será
aprovada por unanimidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO
HOHLFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que coerência não se compra nem se
vende. Ocupo a tribuna com a mesma coerência com que eu havia apresentado aqui
um requerimento solicitando uma Comissão Especial no Congresso Nacional
exatamente porque achava que era o caminho mais rápido, mais objetivo e mais
amplo para se chegar a alguma coisa - e o noticiário dos jornais só está
confirmando que a insistência em cima da CPI nacional vai dar no que todos
sabemos: mais uma dentre tantas para nada. Somos favoráveis a uma Comissão
Especial, pois faria um outro caminho, com outro resultado; mas parece que a
coisa é fazer notícia, não é chegar no
ponto. Desde o início, quando o Ver.
Luiz Braz me falou que tinha a intenção de pedir uma Comissão Especial
sobre a questão por ele trazida ao Plenário da Casa, eu disse a ele que poderia
contar com a posição da Bancada do PSDB.
Em primeiro lugar, temos que
lembrar que, de uma certa maneira, o episódio envolve muito mais a legislatura
passada, pelo menos por enquanto, do que a presente legislatura. Portanto, no
caso da Bancada do PSDB, não tem nada a ver com a Vera. Anamaria Negroni, Ver.
Cláudio Sebenelo, tem a ver comigo. E como, ao contrário de um Vereador que se
pronunciou aqui, não tenho nenhum problema em ser investigado - ao contrário,
nem investigado, nem pesquisado, nem procurado, porque nós todos desempenhamos
funções públicas e, portanto, estamos permanente e obrigatoriamente disponíveis
para isso -, e como também não tenho vergonha de que “cuspindo para cima caia em mim”, e acho que a maioria aqui não deve ter esse problema, de todos
que conheço aqui -, parece que não há nenhum problema de que se instale a
Comissão. Ao contrário, problema vai ter se não fizermos a pesquisa. A Vera.
Clênia Maranhão colocou muito bem.
Agora, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, na mesma linha da Vera. Clênia - questão de coerência, de
responsabilidade -, nós de oposição não temos nos manifestado sobre o
noticiário nacional de ontem para cá, nem no Plenário da Casa, nem na rua,
porque, exatamente, as denúncias são meio confusas, e a gente não quer ser
precipitado. Acho que as Lideranças têm história e temos que respeitar isso.
O noticiário de hoje, pág.
18 da “Zero Hora”, em torno dos episódios de Santa Maria, mostra que realmente
a coisa começa a complicar, porque não é ninguém de fora que está dizendo, é
alguém que está agora dentro do Partido. É um grupo contra outro grupo. E fico
pensando: quem faz isso dentro de casa, por que não o faz fora de casa? Se há uma disputa interna de um partido, por
que não se faz aqui? E se houve no ano
passado, como o Ver. Edi Morelli diz, será que não está se fazendo agora,
também, com os atuais Vereadores da nova legislatura?
Então, é fundamental instalarmos essa Comissão. O que não pode é
ficar este diz-que-diz, que tradicionalmente a gente ouve nos corredores da
Casa: realmente se fez isto, se fez aquilo, realmente a Prefeitura fez isto,
fez aquilo, realmente a Prefeitura pediu isso, pediu aquilo, trocou aqui,
trocou ali. E é difícil provar. Nunca se vê prova. Pois alguém está se dispondo
a dizer isso, em alto e bom tom. Vamos ver se é verdade. É uma chance que
temos, até correndo riscos, talvez, não medidos.
O Ver. Edi Morelli fez uma
declaração e não a desmentiu até agora. Sempre tenho dito que, se houver
corruptos, há corruptores, e são culpados os dois. Então, teremos que ver qual
é o problema, porque, se há negociações, há os que as aceitam e os que as
propõem, e são ambos responsáveis. Uma coisa, parece-me, é a discussão política
que se estabelece nesta Casa e neste Plenário quando um projeto, seja de quem
for, de um Vereador ou do Executivo, vem aqui. As Bancadas disputam o projeto,
emendam o projeto, debatem o projeto, negociam o projeto em nível de emendas.
Outra coisa, de fato, é quando apenas se trocam lâmpadas, ou asfalto, ou
obrinhas por um voto que não tem a confirmação ideológica do posicionamento do
Vereador. Aí são outros quinhentos, e é completamente diferente. Acho que é por
aí que se abre a discussão, e por aí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a
Bancada do PSDB faz questão da instalação dessa Comissão. É por aí que vamos
tranqüilizar a opinião pública e, sobretudo, tranqüilizar o presente e o futuro
dos atuais trinta e três Vereadores.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ADELI
SELL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero perguntar se posso requerer a V. Exa. que o Ver. Antonio Hohlfeldt
confirme aquilo que acho que eu ouvi: ele afirmou que há conversas de
corredores, que dizem que há troca ou favorecimentos para votar projetos em
troca de algum benefício da Prefeitura. Se entendi bem a sua formulação.
O SR.
PRESIDENTE: Vereador,
nós estamos em regime de votação. O Ver. Antonio Hohlfeldt, na condição de
Vereador e com a inviolabilidade da sua manifestação da tribuna como Vereador,
emite conceitos e opiniões em nome do seu Partido e em seu nome próprio.
Portanto, não nos compete avaliar, examinar e julgar manifestações dos Srs.
Vereadores.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, posso, então, pedir ao Ver. Antonio Hohlfeldt a liberação das notas
taquigráficas?
O SR.
PRESIDENTE:
Tão logo encerre a votação, é- lhe facultado requerer essa condição, antes das
48 horas. Depois das 48 horas, com ou sem revisão, qualquer Vereador dispõe do
acesso às notas taquigráficas; antes, apenas
com a autorização do Vereador.
Não há mais Vereadores para
encaminhar. Em votação o Requerimento
nº 135/97, de instalação da Comissão Especial. Os Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Coerente com o que afirmei da tribuna, Sr.
Presidente, e considerando que é facilitada a circunstância para as pequenas
Bancadas, porque a indicação só pode ser do titular propriamente dito, eu
pediria aos grandes partidos que ainda hoje indicassem seus representantes na
Comissão para que ela possa ser instalada na próxima sexta-feira.
O SR.
PRESIDENTE: Sem
entrar no mérito dos conceitos subjetivos de pequenos e grandes partidos,
independentemente dos prazos legais e regimentais, nós agilizaremos para atender
V.Exa., o Ver. Luiz Braz e tantos outros que requereram, o mais rápido
possível, a instalação dessa Comissão Especial, até porque só podem funcionar
três Comissões Especiais simultaneamente. Não tenho conhecimento se, neste
momento, estão funcionando três ou mais.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): A Bancada do Partido dos Trabalhadores queria fazer
as suas três indicações para comporem a Comissão Especial.
O SR.
PRESIDENTE:
Vereador, a Mesa esclarece a V.Exa. que as indicações são feitas em autos
próprios e não em Plenário.
O SR. JUAREZ
PINHEIRO: Apesar
disso, Sr. Presidente, podemos dizer ao Plenário quem comporá a Comissão pelo
Partido dos Trabalhadores apenas para esclarecer?
O SR.
PRESIDENTE: Nós
estamos na Ordem do Dia e não cabe esse tipo de manifestação no andamento da
tramitação dos processos.
O próximo Requerimento é o
de nº 133/97, de autoria do Ver. Cyro Martini: “Moção de Protesto pela
inobservância do Governo Estadual aos seus compromissos constitucionais
referentes à segurança pública”.
A Mesa inscreve o Ver. Cyro
Martini para encaminhar, mas antes concede a palavra ao Ver. Reginaldo Pujol,
que deseja um esclarecimento.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Como é muito vaga a expressão “inobservância dos
seus deveres constitucionais com a segurança pública”, deve ter algum
fundamento na justificativa para que melhor possamos entender o que estamos
votando.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa passa a ler rapidamente a Moção.
(O Sr. Secretário lê a Moção
de Protesto pela inobservância do Governo Estadual aos seus compromissos
constitucionais referentes à segurança pública - Req. nº l33/97.)
O SR.
PRESIDENTE(Paulo Brum): Em votação. O Ver. Cyro Martini está com a palavra.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o propósito que busco através dessa Moção não
é propriamente aprová-la. Eu sigo na mesma linha de providências - dentre as
quais, Moções e outras, como pronunciamentos - no sentido de alertar, de dar
encaminhamento a manifestações que são
comuns, tanto na área das organizações policiais quanto nas comunidades
de um modo geral. Não foge razão ao Ver. Reginaldo Pujol quando ele diz que a
leitura, como foi feita pela Mesa, ela era insuficiente, geral, sem colocar
clareza ao que se pretendia. Mas o texto total da Moção é justamente aquele. Há
um equívoco quando a Mesa, ao proferir a leitura, entendeu que os termos da
Moção tinham que vir com a justificativa, e ela ocorre através de documentos ou
cópias de manifestações, através da própria imprensa ou do texto da lei que trata
a respeito da matéria salarial, que foram juntados. Então, a Moção, repito, não
busco aprová-la, porque eu já aprovei essa Moção. Eu apenas quero, nesta
oportunidade, novamente, lembrar isso aqui: o Legislativo de Porto Alegre
expressa veementes inconformidades com relação à inobservância do Governo
Estadual sobre os seus compromissos constitucionais referentemente à segurança
pública, demonstrada pela constante reclamação dos cidadãos e das
municipalidades contra a insegurança reinante nas diversas regiões do Estado,
sobretudo em nosso Município, devido à carência de recursos humanos e materiais
para o satisfatório desempenho das organizações policiais, civis e militares,
tanto no que concerne à violência criminal, quanto à prática de abusos no
trânsito, e com referência ao descaso acerca do repasse dos valores arrecadados
em razão das multas aplicadas aos infratores no tráfego, consoante prescreve a
Constituição do Estado. Ademais, some-se a insatisfação dos cidadãos e das
autoridades municipais às reclamações dos policiais civis e militares que
denunciam há tempos o descumprimento pelo Executivo Estadual da Lei de Política
Salarial nº 10.395/95 e de outras obrigações remuneratórias pertinentes para
com eles.
Sr. Presidente, essa é a
minha preocupação. Seria colocar novamente a minha reivindicação nesse sentido.
O que eu pretendia eu já fiz. De sorte que, se eu puder, para dar margem a que
espaços fiquem resguardados para outros requerimentos e não criar polêmica em
torno deste assunto, eu pediria para retirar esse pedido de Moção. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pelo Regimento da Casa, um Vereador é impedido de votar um projeto
quando ele é parte interessada. Por exemplo, se um Vereador é funcionário de um
setor, então, quando um projeto desse setor trate de aumento, como o da Polícia
ou da Brigada, ele não pode votar o projeto.
Eu gostaria que a Mesa me
esclarecesse se, no caso das Moções, quando um Vereador é parte interessada,
porque estaria incluindo o seu salário,
na votação dessa Moção o Vereador tem direito de votar?
O SR.
PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A matéria é de natureza regimental, Vera. Clênia Maranhão, se o
Vereador interessado na matéria pode votar ou não. Não sabemos se esse assunto
é o caso ou não. A Mesa fará consulta à Procuradoria da Casa e gostaria que V.
Exa. esclarecesse, porque, em tese, a Mesa pode responder sem consulta ao
Regimento e sem invocação à Procuradoria da Casa, porque a Lei Orgânica
estabelece que nenhum Vereador pode votar matéria na qual seja interessado. Em
tese, isso se aplica a toda e qualquer matéria, não atende a nenhum caso
específico.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES (Questão de Ordem): Eu havia me inscrito para falar contra a Moção, mas,
nesse aspecto, não há nenhum impedimento.
Sobre impedimento há nesta Casa alguns pareceres que entendem que
impedimento só se dá quando especificamente beneficiar. Trata-se de políticas
gerais para o funcionalismo. Então, o fato de o Ver. Cyro Martini integrar a
estrutura funcional do Estado não o impede de fazer isso.
O SR.
PRESIDENTE: Esta Presidência recolhe o
pronunciamento de V. Exa. A Mesa, amparada em dispositivo regimental, no
parágrafo 4º do art. 173 do Regimento, estabelece que “iniciado o
encaminhamento não caberá a retirada da proposição principal, de substitutivo e
de emendas”. No caso, embora não se
trate de um projeto de lei, aplica-se aos requerimentos. Houve início dos
encaminhamentos; conseqüentemente, cabe rejeitar ou não.
O SR. JOÃO
MOTTA (Questão de Ordem): Com a anuência do autor, encaminho à Mesa um pedido para que proceda
imediatamente à votação simbólica da presente Moção, porque há uma anuência do
autor para que o Plenário vote contrário à própria Moção na medida em que isso
resolve o impasse regimental.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Fica claro que abrimos mão de nos manifestar sobre
o assunto diante da informação do Ver. João Motta. A emenda será derrotada.
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa consulta se alguma Liderança deseja encaminhar a matéria.
Em face da impossibilidade
da retirada, o Vereador solicita que votem contrariamente, de forma simbólica,
à Moção.
Com a palavra o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, com aquele espírito conciliador que me caracteriza,
penso que é chegada a hora de ser Vereador, de ser legislador, de ser
responsável. Penso que é chegada a hora de cumprir com o nosso dever. Se nós,
Câmara Municipal de Porto Alegre, aprovarmos a Moção que aqui se coloca, não
estaremos sendo responsáveis, não estaremos cumprindo o nosso dever, não
estaremos sendo Vereadores porque, se nós entendermos que isso aqui está
correto e não tomarmos a providência que deve ser tomada, que não é Moção, nós
somos uns omissos, nós somos uns brincalhões, nós somos uns fazedores de moções
e emoções, também. Se nós entendermos que o Governador ou quem quer que seja
age inconstitucionalmente, nós temos o dever de ir à Justiça e buscar a solução
e não fazer moções. Isso aqui não é fábrica de moções. Aqui deveria ter um pouco
mais de trabalho, um pouco mais de responsabilidade, um pouco mais de contração
ao dever. Se nós entendermos que o Presidente da República age
inconstitucionalmente, é nosso dever entrar em juízo contra ele. E a Justiça
deste País ainda vale alguma coisa, e a do Rio Grande, então, vale uma
enormidade. Se nós entendermos que o Governador não está cumprindo os preceitos
constitucionais, nos cabe, por dever,
por honra e por dignidade, entrar na Justiça contra ele e não brincar de ser
Vereador, fazendo moções com emoções. Não, não, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vamos trabalhar um pouco mais por esta Casa. Há noventa projetos de
lei na Pauta, uma série de projetos de lei na Ordem do Dia e nós estamos
votando moção. Moção que não leva a nada, gasta papel, gasta tempo e deixa que
nós, levados pela emoção, descuidemos das nossas responsabilidades, e uma delas
seria reclamar contra qualquer inconstitucionalidade em qualquer nível neste
País. Por isso que o povo nos mandou para cá, não para fazer moções, mas sim
para fazer com que as leis sejam cumpridas. Eu sempre digo aqui: lei deve ser
clara, precisa, concisa, respeitada. Legislador não precisa fazer leis, mas ele
é obrigado a fiscalizar o cumprimento da lei. Se nós achamos que o Governador
não está cumprindo os preceitos constitucionais, vamos fazer como eu fiz em 91,
quando eu pedi que a Câmara entrasse na Justiça contra o Prefeito pela má
aplicação da lei. Levei cinco meses discutindo. Esse é o trabalho do Vereador.
Depois, a Câmara não entrou, apesar de aprovar a Resolução no dia 13 de
dezembro de 1991. Aprovou a Resolução, mas não entrou na Justiça contra o
Prefeito. Mas é isso que eu quero. Se há alguma dúvida, o Judiciário gaúcho é
maravilhoso. Saúde e Paz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR. CYRO
MARTINI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, no momento, estou preocupado em
saber se a Moção é um instrumento legítimo e regimental que pode ser empregado
pelo Vereador, ou se não o é, ou se deixou
de ser, porque, diante da manifestação da tribuna, fiquei sem saber. Ela não tem uma finalidade
que diga respeito à sua natureza
política?
O SR.
PRESIDENTE: A
Mesa, mais uma vez, reitera que a Moção, formalmente, é um instrumento previsto
no Regimento da Casa.
Está com a palavra o Ver.
Cláudio Sebenelo para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez venho à tribuna denunciar e repelir
o abastardamento das moções. Não vejo isso no problema de segurança que
enfrenta o mundo inteiro, onde o
Presidente dos Estados Unidos não tem segurança absoluta, pois já sofreu
atentados. A segurança não é absoluta e nós temos problemas de segurança, de
salário não só no Governo Estadual, mas também no Governo Municipal. Venho aqui
denunciar esse tipo de abastardamento. Isso é uma manobra para esconder essa
terrível crise do PT que, quando alguém o acusa de alguma coisa, é chamado de maluco.
Ontem, comparecemos a um
almoço patrocinado pelos Correios e Telégrafos, onde, em uma reunião com o Secretário de Segurança Eichenberg, foi
publicado um convênio que existe entre Correios e Telégrafos com a Secretaria
de Segurança. Esse convênio vai proporcionar que um grande número de policiais
civis deixem a área burocrática e passem para a área de segurança,
proporcionando uma descentralização dos trabalhos burocráticos de toda a
Secretaria de Segurança. Vai proporcionar menor número de acidentes de
trânsito, vai proporcionar redistribuição de pessoal, uma melhor condição de
trabalho e uma remuneração melhor do pessoal da segurança. Esse plano foi
anunciado pelo Sr. Secretário.
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Nobre Vereador, V. Exa. deve encaminhar a Moção.
O SR. CLÁUDIO
SEBENELO: Estou-me
referindo exatamente a ela. Estou-me referindo a essa Moção de Repúdio e aos
problemas de segurança do Estado e estou informando ao Vereador - porque talvez
esteja mal-informado - que realmente hoje há uma grande preocupação com a
segurança, e por isso é injusta, é despropositada e totalmente intempestiva a
Moção que está sendo proposta, porque se dá
exatamente no momento em que se anunciam melhoras na Secretaria de
Segurança, e essa melhora não foi feita - lamentavelmente - pelo partido do
Ver. Cyro Martini, mas por outro partido. Quero informar ao Ver. Cyro Martini
que pessoas de outros partidos políticos
têm também boas intenções com a área da segurança. Há vida inteligente fora do
PT. Há, no Governo Britto, um trabalho, feito pelo Secretário José Eichenberg,
de melhora para as condições dos
funcionários policiais, melhoria nas suas condições de trabalho, nas condições
salariais, na redistribuição de funcionários, na desburocratização, através de
um plano de terceirização não para a iniciativa privada, mas para uma empresa pública federal, que
vai tomar conta, inclusive, da emissão de carteiras de habilitação, de
documentos perdidos e de informatização de todo o processo em que a
Polícia gasta mais de quinhentos funcionários na parte burocrática, e esses
policiais, deslocados da parte burocrática, irão trabalhar como policiais e não
mais como burocratas. Isso vai proporcionar melhores condições e um trabalho
muito mais apurado e afinado. Pois, nesse momento, apresenta-se uma Moção
contra esse trabalho magnífico que o
Secretário José Eichenberg está fazendo. Não poderia ter sido mais
infeliz e intempestiva essa Moção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para encaminhar pelo PFL.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu havia, há vinte minutos,
desistido do encaminhamento. Havia observado uma tendência no sentido de se esvaziar a discussão em torno desse assunto na medida
em que havia - até por parte de integrantes da Bancada do
Partido dos Trabalhadores - a solicitação de que, no impedimento de
que pudesse ser retirada esta Moção,
ela fosse rejeitada pela Casa. Não seria a primeira vez que isso ocorreria aqui
na Casa. Não obstante, como outros
pronunciamentos ocorreram, Sr.
Presidente, para que fique registrado com a objetividade possível, nessa
hora, além do compromisso que já tínhamos de derrotar esta Moção, de votarmos
contra a sua aprovação, lamentamos que a mesma tenha sido apresentada. É um
tema extremamente polêmico, atual, que mereceria toda a nossa atuação e que
justifica, inclusive, um exame mais apurado, coisa que me parece que busca o
Ver. Hélio Corbellini com alguns projetos que estão tramitando na Casa. A segurança pública é um assunto de
atualidade que deve merecer um trato, um cuidado, um carinho, um empenho muito maior do que essa discussão apaixonada
e histérica que se instalou sobre o assunto na Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Motta está com a palavra para encaminhar pelo PT.
O SR. JOÃO
MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até em
respeito ao Plenário, viemos encaminhar a presente Moção. Estávamos dando um
encaminhamento para a presente questão e, como não houve consenso em nossa
Bancada, nós, por um dever de ofício, comunicamos ao Plenário que, neste
momento, a nossa Bancada vai votar a Moção dado o fato, inclusive, de que vários Vereadores acabaram encaminhando. Nós
tentamos, naquele momento, e o Plenário é testemunha disso, fazer uma votação
simbólica para evitar que houvesse a apreciação do mérito da Moção. Parece que o Plenário não concordou com esse
encaminhamento na medida em que não havia mais a possibilidade de retirar a
Moção. Estou sendo absolutamente claro. Dado a isso, a nossa Bancada modifica a
sua posição, ou seja, em razão do fato
de que alguns Vereadores encaminharam, entraram no mérito, portanto, no
conteúdo, a nossa Bancada, Ver.
Fernando Záchia, toma a seguinte posição: vai votar, vai apreciar o mérito da
Moção, sim, só que se encontra liberada. Cada Vereador vai assumir a posição
que acha que deve assumir perante o conteúdo da presente Moção. É esse o
encaminhamento que faço em nome da Bancada do PT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o Requerimento nº 133/97 de Moção de Protesto, de autoria do Ver.
Cyro Martini, pela inobservância do Governo Estadual aos compromissos constitucionais referentes à segurança pública.
O Ver. João Dib solicita
votação nominal. (Após a chamada.) Dez votos SIM, 9 votos NÃO, 4 ABSTENÇÕES. Está APROVADO o Requerimento.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2881/96 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 168/96, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que denomina
Largo Francesco Spina o canteiro localizado em frente do nº 2 da Praça
Garibaldi, na confluência com a Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, no Bairro
Cidade Baixa.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão o PLL nº 168/96. O Sr. Reginaldo Pujol está com a palavra para
discutir.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, quero saudar a
Casa porque às 17h45min iniciamos a
discussão e a votação do primeiro Projeto de Lei desta Sessão, numa quarta-feira, véspera de feriado, e
coincide, Sr. Presidente, que esta nossa discussão e, conseqüentemente, a
votação se dão em torno de um projeto aparentemente singelo, que denomina um
canteiro localizado em frente ao nº 2 da Praça Garibaldi. Evidentemente, o Ver. José Antônio Medeiros,
que retorna aqui na Casa, surpreende-se dessas circunstâncias de que estejamos
denominando um canteiro, porque há uma certa perplexidade aos gaúchos em geral e
aos porto-alegrenses ao saber da nossa limitação ao denominar canteiros,
rótulas, porque não há mais nenhuma na
Cidade para que se denomine, Vereador, para que se faça uma homenagem, como é
feito ao Francesco Spina, aquele
italiano alegre, simpático, que nos recebia no Copacabana e que, infelizmente,
nos deixou. A única coisa de positivo é que esse canteiro fica em frente ao
Copacabana. Eu espero que todos os amigos do Chico, os seus sócios
remanescentes do Copacabana e todos que sentiram o seu passamento cuidem desse
canteiro com zelo, com carinho, com amor, sobretudo com muita dedicação, para
que, dessa forma, Porto Alegre possa homenagear essa figura invulgar que foi o
Francesco Spina, o nosso Chico do Copacabana. É um canteiro, mas vai ser um
belo canteiro, porque vai ser transferido para ali tudo aquilo que o Chico
representou em vida. O grande Chico, que sempre nos recebia com um sorriso nos
lábios, com muito afeto, com muito carinho. O afeto, o carinho, a solidariedade
e a saudade que nós queremos transferir para um pequeno canteiro, mas que será
um canteiro repleto de amor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Eu
quero comunicar à Presidência que eu vou encaminhar por escrito o pedido de
renovação de votação da nossa última votação feita no Plenário.
O SR.
PRESIDENTE: Não
havendo mais quem queira discutir,
colocamos em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o
PLL nº 168/96 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 3137/96 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 075/96, que cria função celetista regida pela Consolidação das Leis do
Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção, na Administração
Centralizada do Município, e dá outras providências. (Motorista - Lindomar de
Moura Lindner)
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 3169/96 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 077/96, que cria função celetista regida pela Consolidação das Leis do
Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção, na Administração
Centralizada do Município, e dá outras providências. (Motorista - Roque da
Silva)
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relatora Vera. Anamaria Negroni: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, III, da LOM.
O SR.
REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Sr. Presidente, é o segundo processo que estamos
votando sob o mesmo fundamento, o fundamento de atender determinação de
decisões judiciais. Se ficar esclarecido esse fato, não tenho necessidade de
discutir.
O SR.
PRESIDENTE:
Perfeito, Vereador. Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0797/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 028/97, de autoria do Ver. Décio Schauren, que denomina Rua
José Pinheiro Cabral um logradouro no Bairro Lomba do Pinheiro.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relatora Vera. Anamaria Negroni: pela aprovação do Projeto;
- da CECE. Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação do Projeto.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
Encerramos a Ordem do Dia e
passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Pedro Ruas está com a
palavra. Ausente. O Ver. Reginaldo
Pujol está com a palavra.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é tão incomum a utilização deste
espaço do Grande Expediente, que até me surpreendi quando fui chamado pela
Presidência dos trabalhos para me manifestar uma vez que, com freqüência,
amiúde, a Casa tem utilizado este espaço para promover o registro de
acontecimentos importantes para a vida da Cidade, o que obsta que o Grande
Expediente seja efetivamente utilizado para aquele grande debate político que
tem, necessariamente, que ocorrer nas casas legislativas. Verifica-se até que,
na ausência dessa possibilidade, esse debate tem ocorrido em outros espaços, o
que não é recomendável. Nós, Sr. Presidente, não poderíamos ter um momento mais
favorável para utilizar o espaço do Grande Expediente, onde podemos livremente
enfocar aquele assunto que, no nosso entendimento, tenha a predominância na
atualidade, no dia-a-dia, no cotidiano da Cidade. E o cotidiano de Porto
Alegre, do Rio Grande e do País, refletido nesta Casa, não poderia ser mais
apreensivo do que o é. Vivemos hoje dominados por uma nova forma de medo, de
temor, que nos assalta quando observamos o risco que as instituições políticas
brasileiras estão correndo e do qual nós temos alguma parcela de
responsabilidade. Hoje nós constatamos
- e o Ver. Pedro Américo Leal, num discurso inconcluso, há poucos dias,
acentuava - a circunstância de termos, em todos os níveis, motivos de sobra
para essa intranqüilidade: a Comissão Parlamentar de Inquérito, há seis meses
mexendo com o problema dos precatórios; o episódio não-superado da venda de
votos no Congresso Nacional; confusões na área do Estado do Rio Grande do Sul
e, até mesmo, nesta Casa, com problemas internos; o Município com
situações que estamos a vivenciar.
Tudo, lamentavelmente, Ver. Cláudio Sebenelo, contribui para que tenhamos um
quadro nada favorável no contexto brasileiro, especialmente para quem, como
este orador, teve que, aos 25 anos de idade, ou um pouco menos, passar pela
necessidade de tomada de posição diante do vergastamento das instituições democráticas,
nos idos de 1963/64, com toda a seqüência que daí adveio. Eu observo, Sr. Presidente, que este
Legislativo, por exemplo, que tem o seu primeiro semestre de atividades,
encontra-se hoje com uma temperatura política somente imaginável em outras circunstâncias,
nos períodos que antecedem as grandes decisões eleitorais. O meu temor é que
essa temperatura que se instala na Assembléia Legislativa do Estado, na Câmara
dos Deputados e no Senado da República possa contaminar a Nação Brasileira que,
naturalmente, hoje, informada a todo instante e a todo momento de situações
negativas, pode - lamentavelmente, em alguns casos, isso já acontece -
encaminhar-se para a descrença nas instituições políticas deste País. Isso,
Srs. Vereadores, é o início do fim. Não tenho dúvida nenhuma de que as nossas
instituições democráticas são extremamente frágeis. Apesar de todo aquele
bulício que se fez internacionalmente com a cassação do Fernando Collor de
Mello, que se apresentou à Nação como sendo um grande passo na demonstração do
amadurecimento político desta Nação, o que se vê, no cotidiano, não é nenhuma
prova de amadurecimento. Neste País, ainda se praticam métodos de ação política
que deveriam ter sido superados, sepultados nos idos da Revolução de 30. O que
se proclama do que ocorre no Acre, na Amazônia, enfim, em tantos pontos deste
País, e que, lamentavelmente, também ocorre muito próximo de nós, não edifica,
não contribui para a construção do processo democrático, que, nesta virada de
século, para um homem de 57 anos de idade como eu, seria - por que não? - a
aspiração, senão derradeira, a de culminância de quem há mais de vinte anos se
dedica à vida política e procura
fazê-lo com a maior lisura possível.
Eu disse, há mais tempo,
para alguns companheiros de representação popular que se agasalham nas legendas
da Frente Popular que nós tivemos um mau início, quando iniciamos politizando
um debate, partidarizando um debate, numa atividade que é natural do
Legislativo, mas que não pode ser predominante, impedindo que algumas coisas
pudessem prosperar nesta Casa que hoje, quase no seu quinto mês de legislatura,
ainda não tem grandes progressos a saudar em termos de construção legislativa.
E não faltam situações, aqui em Porto Alegre, que estejam a merecer esse nosso
cuidado. É evidente - e já me alertaram - que esse desfecho antecipado, essa
partidarização e essa politização exacerbadas decorrem de alguns fatos de que
nós, como brasileiros, fomos alvos ao natural, como quando, por exemplo, pela
primeira vez na história republicana, o Congresso Nacional decidiu, acredito
que ainda no mês de fevereiro, na Câmara dos Deputados, em primeiro turno, a
possibilidade de reeleição dos Governadores, do Presidente da República e dos
Prefeitos. Ali parece que iniciamos um
ano partidarizado e politizado, fora de tempo. Quero concluir, concitando as
grandes cabeças, que existem em profusão nesta Casa, para que todos nós
contribuamos, de uma forma expressiva, para que se supere essa dicotomia e que
nós possamos cuidar do dia-a-dia da
nossa Cidade, que é onde nós temos a nossa representação popular. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Renato Guimarães está com a palavra.
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna comentar um artigo publicado
hoje, num jornal da Cidade, assinado pelo Jornalista Élio Gaspari, sob o título “O Dedo da Saúde”. Falo isto porque,
na última campanha eleitoral presidencial, o atual Presidente da República usou
como “marketing” a mão e os cinco dedos, sendo que um dos dedos era o “dedo da
saúde”. Coitado do povo, que já perdeu esse dedo. O artigo coloca pontos interessantes para o debate, que é a
questão do Projeto de Lei que o Governo encaminha ao Congresso Nacional
regulamentando os chamados planos de saúde, e, diga-se de passagem, é o segundo
Projeto de Lei que o Governo Fernando Henrique encaminha ao Congresso Nacional.
Já na gestão do ex-Ministro Jatene, havia encaminhado um projeto que, na
avaliação até de alguns setores moderados dos movimentos sociais ligados à
saúde, era um projeto mais ou menos. Agora, o Governo encaminha, novamente,
outro projeto sobre a mesma matéria, tentando regulamentar a questão dos planos
de saúde. É interessante, como diz a reportagem, porque a idéia do Ministro é
simples. Ela pretende que os serviços de medicina privada devolvam ao Governo o dinheiro que eles gastam
atendendo os seus clientes na rede pública, e aí é o debate que se faz. Os
planos de saúde atendem a jovens com saúde, atendem a pessoas que tenham saúde,
mas não cobrem um conjunto de doenças contínuas, não cobrem as doenças dos
idosos a partir dos 65 anos. É interessante que o Governo encaminhe hoje um
projeto para o Congresso que tenta criar o chamado Fundo, destinado a bancar
esses tratamentos de alto custo. O Governo mistura nesse fundo o dinheiro
público, que é para o atendimento do SUS, com o dinheiro privado, dessas
corporações que bancam esses planos de saúde. No nosso entendimento, temos que
chamar a atenção da sociedade para esses projetos de regulamentação, porque há
o risco de ser aprovada, no Congresso Nacional, uma lei que vai prejudicar os
cidadãos deste País. Eu vou ler uma citação de um Deputado Federal - não vou
ler o seu nome - dono de uma empresa de plano de saúde. A citação diz: “O
grande problema dos ditos planos de saúde é o preço do idoso. Na minha empresa
há um problema chamado idoso. Se tirássemos todos os idosos do meu plano, minha
rentabilidade aumentaria muito.”. Por aí percebemos qual a intenção desses
Deputados ligados a esse tipo de empresa na aprovação de um projeto de regulamentação desses. A intenção nossa é
chamar a atenção da sociedade, da Bancada do PSDB para que interceda junto ao
Congresso Nacional para que esse projeto de regulamentação não seja aprovado
com um perfil que venha a prejudicar mais ainda o SUS.
O Sr. Cláudio
Sebenelo:
V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Renato
Guimarães, quero-lhe dizer que a ênfase maior desse artigo deva ser dada a uma
coisa magnífica, que é a denúncia desse eminente Jornalista, que é formalmente
contra o Governo, principalmente desmentindo aqueles que dizem que a mídia está
a favor de Fernando Henrique. Essa crítica fortíssima é extremamente injusta
com o Ministro da Saúde. E mais do que
isso - por favor, V. Exa. veja -, no contexto do artigo, está sendo cobrada das
entidades particulares coisa que nunca pagaram e sempre escamotearam, que ficou
por conta do SUS. As contas do Pronto Socorro, por exemplo, e de instituições
de seguro, de seguros obrigatórios, que
tinham obrigação de pagar a internação do paciente, são pagas pelo SUS.
No corpo deste Projeto há um prejuízo muito grande das empresas particulares.
Quer dizer: tem que se fazer justiça ao Governo, principalmente ao Ministro da
Saúde.
O SR. RENATO
GUIMARÃES:
No nosso entendimento, não é isso. Entendemos que os dois Projetos encaminhados
pelo Governo para regulamentar essa questão não beneficiam em nada o sistema de
saúde público. Pelo contrário, eles deixam várias brechas abertas para a
iniciativa privada novamente. E, no nosso entendimento, os planos de saúde têm
que ser tratados de forma mais séria pelo poder público, tanto na
regulamentação como na fiscalização. A saúde não é mercadoria e não pode ser
tratada dessa maneira. Nós temos que cuidar, porque tramitam hoje, no Congresso
Nacional, onze projetos tentando regulamentar essa matéria, dois deles de
iniciativa do próprio Governo. Os interesses sobre a questão dos planos de
saúde privados são muito maiores que os interesses nacionais. São interesses de
empresas até internacionais. Nós não podemos deixar que a saúde pública
brasileira caia na mão desses especuladores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, pena que o nobre Ver. Cyro Martini não se
encontre no Plenário, porque eu dizia que fazer moção não é a posição que cabe
ao Vereador quando as coisas estão erradas.
Tenho, há muito tempo, a minha bíblia petista, mas, antes de ler, eu gostaria
de dizer que a Lei nº 7345, de 1993, é de autoria deste Vereador e foi aprovada
por unanimidade na Casa. Aí dizia que, toda vez que houvesse a aplicação da
bimestralidade, o Prefeito deveria encaminhar à Casa a forma como ela foi
constituída e a relação de gastos com pessoal/receitas correntes para que
ficasse transparente o que ocorria com o dinheiro público que sobra nessa
Prefeitura. A bíblia petista diz que os
três anos em que a Prefeitura teve menos dinheiro foram os de 83, 84 e 85, os
três anos em que eu fui Prefeito. E
dizem que os municipários receberam poucas reposições salariais. Em 1985, para uma inflação de 235%, a
reposição salarial levou o gasto com pessoal a 300%, sem que eu tivesse
incluído servidores da forma que se faz aqui agora. Eu tinha menos de um quarto do que tem hoje a Administração
Centralizada da Prefeitura. Diz o
Prefeito que venceu na Justiça, quando ele tomou o dinheiro dos municipários, em
maio de 1995, em Ação Direta de Inconstitucionalidade, que ele não precisava mais
declarar para a Casa o preceituado na Lei 7345, que era a transparência, que é
tão importante para saber onde vai o dinheiro do povo, não é só o Orçamento
Participativo. Mas agora ele perdeu na
Justiça, a liminar foi cassada e já devia mandar. Não precisava mais nada: para
homens sérios, responsáveis, as coisas tinham que ser assim. Por isso, não
adianta fazer moção. O meu parecer final foi do dia 06.03.97 e dizia: “Ao Sr.
Presidente da CEFOR: Submeter-me-ei à sábia decisão de Vossa Egrégia Comissão.”.
A ATP diz o seguinte: “O Executivo tem que remeter para a Câmara
Municipal de Porto Alegre todos os elementos das receitas e das despesas que
compõem o cálculo que permite identificar em cada oportunidade o percentual a
ser repassado à remuneração dos servidores, conforme a Lei 7345 de 93, pois,
seja qual for o índice adotado pelo Executivo, cabe ao Legislativo acompanhar a
relação receita/despesa do Município.”.
Vamos dizer que o Ver. João
Dib fez uma lei em 93 e que não tem valor a lei do Ver. João Dib. Mas e a tal
Lei Camata, que é citada todos os dias pela Administração Municipal e que não
está em vigor na sua plenitude? Ela só entrará em vigor, na sua plenitude, em
1999. Mas ali diz que todos os meses - não é na bimestralidade -, do mês e até
o mês, as Prefeituras devem fornecer
transparentemente um balancete total, com muito mais detalhe, até, do que pediu
o Ver. João Dib, dos gastos com pessoal em relação às receitas correntes. Pois
a Prefeitura de Porto Alegre - e o Ver. Cyro Martini não está aqui - não
cumpriu nenhuma vez, esconde os dados. Eu mandei buscar, agora, os dados, como
Presidente da Comissão, e quero os dados. E vou receber os dados, porque eu
disse que não brinco de moção. Eu não tenho razão de fazer ameaças, pelo amor
de Deus! Eu creio que eles vão me fornecer os dados até sexta-feira, porque, na
era do computador, tudo sai no computador, sai tudo certinho. Vão me fornecer.
E aí, sim, eu até posso pensar com emoção, não na moção. Mas esta Administração
que aí está, com a minha bíblia petista, me permitiria fazer uma série de
moções, assinadas, aqui, por Arno Augustin, Guilherme Cassel, Janice Dornelles
de Castro, João Verle, Jorge Santos Buchabqui, Liane Pessin, Maria Luiza
Jaeger, Núcleo de Economistas do PT, Paulo Müzell, Simone Mainieri Paulon,
Terez Campello, Henrique Horn e Olívio Dutra. Como eu disse, os três anos em
que havia menos dinheiro foram os do Ver. João Dib, ex-Prefeito João Dib. Mas
há umas coisas interessantes. Diz aqui: “Em conseqüência, houve sensíveis
perdas salariais para os funcionários nos anos 80, especialmente no
período 83 e 88.”. Agora, o salário foi tomado do bolso do municipário em 91 e
95. Em 83 houve cinco reposições salariais para uma inflação de 235% e a folha
aumentou 300%. Eu não tinha
oitenta estagiários, a Prefeitura tem oitocentos. Apenas caberia uma
moção de explicação. “A sucessão de más administrações tinham dilapidado a base tributária do Município.”
Eu ouvi o Secretário da Fazenda e ele
disse que Porto Alegre não fez nada com o ICMS. Contratamos uma consultoria especializada na análise qualitativa, quantitativa das guias de
apuração do ICMS e planejamos um trabalho
de otimização da coleta e do preparo desse material. Não sei qual foi a
empresa contratada. Está escrito aqui na minha bíblia. “Orçamento
Participativo”, Ver. Pedro Américo Leal: “quando as decisões que estão na esfera de competência dos conselhos
dependerem de decisões da Câmara, caberá aos conselhos exercerem a sua pressão
organizada.” É a lógica de fazer caixa sobre o salário do funcionalismo para,
depois, conceder aumentos que rendam dividendos eleitorais. É uma política
irresponsável que atingiu o seu ápice no Governo Collares. O funcionalismo
municipal amargou severo arrocho salarial
para os cargos da base da pirâmide salarial de nível I a III, por exemplo. O
que fez a Prefeitura, contrariando a sua própria bíblia? Deu aumentos salariais
para os que estavam lá em cima e esqueceu os que estavam aqui embaixo. Poderia
fazer mais uma moção com muita emoção, mas não vou fazer. Vou continuar a
leitura depois. Saúde e paz. Bom feriado para todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Garantimos
a inscrição dos Vereadores Tereza Franco, Anamaria Negroni, Adeli Sell e
Antonio Hohlfeldt para o próximo Grande Expediente.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
18h14min.)
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